Os sindicatos dos médicos consideraram hoje “completamente inaceitável” a proposta apresentada pelo Ministério da Saúde sobre a atualização salarial dos clínicos em serviço de urgência, tendo saído da reunião com a tutela sem qualquer acordo.
“Não chegámos a qualquer consenso. Temos aqui uma proposta que se centra de uma forma muito estreitada nas horas de urgência, mais ainda, não é em todas as horas de urgência, são só aquelas horas extraordinárias para além daquilo que é definido legalmente e ainda por cima só num regime excecional e transitório com limite a três meses”, disse aos jornalistas o presidente da Comissão Executiva da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), Noel Carrilho.
Os sindicatos representativos dos médicos estiveram hoje à tarde reunidos com a secretária de Estada da Saúde, Maria de Fátima Fonseca, para discutir um projeto de diploma sobre as matérias de remunerações em serviço de urgência.
Noel Carrilho considerou a proposta do Governo “completamente inaceitável”.
“Saímos daqui sem nenhum tipo de solução e dececionados após as afirmações da ministra e do próprio primeiro-ministro ter reconhecido que é um problema estrutural e apresentarem uma solução que é tudo menos estrutural, é ineficaz e perfeitamente pontual”, frisou.
Também Roque da Cunha, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), manifestou aos jornalistas a “deceção total”, considerando que a proposta “empurra mais uma vez os médicos para a prestação de serviços”.
“Mais uma vez o Ministério da Saúde não entende que o essencial é a contratação de médicos, discutir uma carreira médica e uma nova grelha salarial”, disse Roque da Cunha, sustentando tratar-se de “uma encenação”.
O secretário-geral do SIM avançou que os sindicatos dos médicos vão apresentar uma contraproposta ao Ministério da Saúde na sexta-feira.
Roque da Cunha disse também que não foi falado durante a reunião o valor que os médicos podem vir a receber quando fazem serviços de urgência, considerando que “é um mero detalhe”, uma vez que “na prática e depois de feitas as contas não se aplica praticamente a ninguém”.
“Não é um problema do verão, vai ser um problema da primavera, inverno e de várias situações porque não há médicos. Não é assim que se resolve o problema, é um problema estrutural e que necessita de medidas estruturais e não pontais”, frisou o sindicalista.
Noel Carrilho disse também que está previsto com a tutela “um trabalho de tentar chegar a um consenso”, mas “está muito longe de acontecer porque se está em campos muito opostos em termos de necessidade para o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“Esperamos respostas no sentido da valorização transversal da carreira médica no SNS”, realçou.
Há uma nova reunião marcada para a próxima quarta-feira, dia 22.
O diploma sobre as remunerações dos clínicos em serviço de urgência foi uma das medidas que o Governo apresentou na sequência do encerramento de urgências de ginecologia e obstetrícia de hospitais de vários pontos do país nos últimos dias, por dificuldades em assegurar escalas de médicos.
NR/HN/LUSA
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