Iniciado em março de 2021 e concluído recentemente, o projeto de investigação exploratória BioScaff, levado a cabo pelo CDP2T – Centro de Desenvolvimento de Produto e Transferência de Tecnologia do IPS, propôs-se avaliar a utilização da impressão 3D como método de fabrico de scaffolds cerâmicos para a substituição óssea, tendo verificado a viabilidade de duas metodologias distintas: por impressão direta com recurso a tecnologia SLA e por impressão indireta através do fabrico de moldes e posterior infiltração.
Concluiu-se, no entanto, que “a impressão indireta é uma metodologia mais limpa e económica”, explica o investigador responsável, Ricardo Baptista, elencando as vantagens deste modo de fabrico face às metodologias de produção convencionais: “Os scaffolds produzidos podem ser facilmente personalizados, em termos de design e de propriedades mecânicas. O produto final apresenta a mesma composição do que quando obtido por tecnologias convencionais, pelo que não necessita de ser novamente certificado, e o custo acrescido dos equipamentos de impressão é cada vez menor, pelo que não terá impacto significativo no custo final do produto”.
Os scaffolds são suportes tridimensionais cerâmicos, feitos de material não tóxico e biocompatível, que excluem a necessidade de um enxerto quando as propriedades de regeneração do osso são afetadas, no caso de uma fratura grave, por exemplo. “Na prática clínica são utilizados pelo cirurgião para a reparação de grandes defeitos ósseos. Por serem compostos por materiais cerâmicos, de composição muito semelhante ao osso, promovem a sua rápida regeneração e respetiva recuperação do doente”, adianta o docente e investigador do IPS.
De estrutura porosa para suporte à regeneração de tecidos, através dos orifícios totalmente interconectados, o scaffold permite “o crescimento celular e a produção de matriz extracelular, garantindo a oxigenação e nutrição do tecido”. No caso do osso, descreve Ricardo Baptista, “o scaffold deve possuir ainda capacidade de suportar esforços mecânicos e ser biocompatível e reabsorvível, de forma a ser gradualmente substituído por tecido saudável”.
O projeto, suportado pelo IPS por concurso interno de financiamento à investigação aplicada, decorreu em estreita colaboração com a Bioceramed, empresa nacional especializada na produção de dispositivos médicos.
“Os principais desafios identificados pela empresa prendiam-se com a necessidade de certificação dos produtos médicos oferecidos”, lembra o investigador, sublinhado que com este projeto “foi possível verificar que as características dos scaffolds produzidos por impressão 3D são idênticas às que são obtidas por processos convencionais, com a vantagem que o seu design pode ser personalizado. Desta forma não será necessária a recertificação do produto”. Esta metodologia foi igualmente aplicada à produção de dispositivos médicos, como é o caso das fusion cages, e “com sucesso”, remata o investigador.
PR/HN/RA
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