“Não sei que parte é que ainda não entenderam da minha total responsabilidade e sentimento de responsabilidade com tudo o que falha no SNS, desde os telefonemas que ficam para fazer, às casas de banho que estão por funcionar, aos ares condicionados que não funcionam, às pessoas que estão à espera, aos contactos que ficam feitos, por vezes rudeza no contacto, a ausência de falas”, afirmou Marta Temido na Comissão de Saúde.
Marta Temido respondia a críticas de deputados da oposição sobre a gestão do Serviço Nacional Saúde (SNS), a saída de especialistas, o encerramento de serviços de urgência de obstetrícia e ginecologia, a falta de médicos de famílias e a falta de recursos humanos nos hospitais.
“Não sei que parte é que ainda não perceberam que a responsabilidade é sempre e totalmente minha e é a parte, obviamente, pela qual peço desculpa”, insistiu.
“Mas, mais do que pedir desculpa, tenho a responsabilidade política de deixar a outros ministros da Saúde um melhor contexto e melhores condições e isso faz-se com reformas, faz-se com medidas, faz-se com políticas e acredito verdadeiramente que a direção executiva do SNS não é um lugar a mais”, salientou Marta Temido.
A ministra sustentou que a direção executiva do SNS “será um lugar extraordinariamente difícil e pesado e um lugar que permitirá que as respostas dos serviços funcionem mais integradamente e haja uma maior visão de conjunto”.
“Acho que está à vista porque é que precisamos de uma direção executiva do SNS”, à qual competirá, sem prejuízo da autonomia das entidades, coordenar a resposta assistencial das unidades que integram o SNS, assegurar funcionamento em rede e proceder à sua avaliação.
Sobre a carência de recursos humanos, Marta Temido recordou o aumento do número de profissionais. Em 2015, quando se iniciou a legislatura, o SNS tinha 119.000 profissionais de saúde, hoje tem cerca de 151.000.
“Dizer que isto não é um investimento não me parece adequado e não parece verdade”, comentou, lembrando ainda a abertura de um concurso para a contratação de mais 1.639 médicos recém-especialistas”.
Segundo a ministra, este número de vagas é superior ao número de recém-especialistas (1.020) porque há a “perceção clara” de que é necessário “atrair para o sistema mais profissionais de saúde do que apenas” os que acabaram a formação.
No último concurso, lembrou, ficaram por preencher 50 vagas para acesso à especialidade. Contudo, neste momento, esta questão “não é o único tema” que têm sobre a mesa.
“Este é, de facto, um problema complexo e a resposta é também complexa, mas se estivermos sempre a impedir que se compreenda, porque é que ficaram por preencher 50 vagas, porque é que hoje a especialidade não é provavelmente interessante e há outras fórmulas de trabalho que são preferidas, são escolhidas, são a alternativa para os mais jovens, não conseguiremos chegar ao âmago da questão”, comentou.
Marta Temido destacou ainda o esforço que tem sido feito em termos salariais: “2.779 euros é o vencimento que recebe um recém-especialista depois de colocado, 1.111 euros é o valor do incentivo financeiro que já estava atribuído e que tínhamos melhorado”.
A este propósito, elucidou que em 2015, o incentivo financeiro ao longo de cinco anos era de 21.000 euros e hoje é de 80.000 euros.
Relativamente aos médicos de Medicina Geral e Familiar foi estabelecido no Orçamento de Estado mais um adicional de 60%, o que corresponde a cerca de mais 1.600 euros.
LUSA/HN
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