O frango – à semelhança de outros alimentos – pode conter bactérias que, durante o processo de lavagem, se espalham pelo lavatório, utensílios de cozinha, recipientes ou outros alimentos que se encontrem perto. Essas bactérias – as mais comuns são do tipo campylobacter, salmonella ou clostridium perfringens – podem provocar toxinfecções alimentares.
“O que acontece é que quando se lava o frango ou outro produto – aqui particularmente pela contaminação potencial do frango – pode haver uma pulverização de gotículas de água que levam consigo estas bactérias e as deixam no lava-loiça, na bancada ou em utensílios de cozinha”, explica ao Viral José Camolas, vice-presidente da Ordem dos Nutricionistas e professor na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e no Instituto Egas Moniz. O médico sublinha ainda que estas bactérias podem também ser transferidas pelas mãos, pelo que se deve fazer uma higienização frequente.
Para ser mais fácil de entender, José Camolas compara a lavagem do frango com um espirro: ao espirrar são espalhadas gotículas por uma área à nossa volta que pode potenciar a contaminação de objetos. “É também isso que está em causa aquando da lavagem do frango: a água ao bater na carne vai pulverizar-se, vai fazer uma espécie de aerossol e leva consigo potencialmente as bactérias que possam lá estar. Por sua vez ficam no lava-loiça, recipientes ou utensílios.”
O nutricionista explica que há publicações científicas – apesar de não serem muitas – que sugerem “que este risco existe”. “As recomendações do CDC são para o menor risco possível. Aquilo que eles pensam com esta recomendação é que é menos arriscado lavar alguma sujidade no frango do que potenciar uma toxinfecção alimentar.”
As bactérias que possam existir neste tipo de carne serão eliminadas durante a confecção, devido às altas temperaturas a que estão expostas. “Se eu o cozinhar bem o frango, estas bactérias são eliminadas. E esta é a lógica. O risco de toxinfecção alimentar quase se elimina não pela lavagem, mas sim pela devida confecção do produto.”
No entanto, o vice-presidente da Ordem dos Nutricionista reconhece que, para algumas pessoas, seja difícil não lavar o frango antes de o confecionar. Nesses casos deixa alguns conselhos para evitar a propagação de bactérias: “Ter muito cuidado quando está a preparar alimentos crus e fazê-lo isoladamente; se vai reservar [o frango] no frigorífico, fazê-lo o mais rapidamente possível e não deixar à temperatura ambiente; cozinhá-lo devidamente; evitar ter utensílios ou recipientes que vai usar a seguir na preparação de alimentos crus; e, no meio deste processo, lavar muito bem as mãos.”
As toxinfecções alimentares provocam “normalmente sintomas gastrointestinais, vómitos, diarreias e febre”, podendo haver outros sintomas mais específicos, dependendo da bactéria em causa.
Texto publicado ao abrigo da parceria entre a plataforma de Fact Checking Viral-Check e o Heathnews.pt
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