“A proposta que o Ministério da Saúde colocou perante os sindicatos não respondeu ao que era básico, nomeadamente uma discussão sustentada em relação às questões estruturais”, disse aos jornalistas o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), à saída da reunião com o Ministério da Saúde, onde estiveram também representantes das Finanças.
Jorge Roque da Cunha salientou como positivo o facto de o processo negocial ter começado, mas sublinhou que “questões como a organização do trabalho médico, a organização na urgência e uma grelha salarial são essenciais para que os médicos continuem no Serviço Nacional de Saúde”.
Em declarações aos jornalistas, Noel Carrilho, presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), considerou “absolutamente essencial” o facto de o objeto desta negociação excluir “as condições base para os médicos permanecerem no SNS”.
“Estamos a falar de temas importantes como a valorização do trabalho em serviço de urgência, da dedicação aqui chamada plena, mas que preferimos chamar exclusiva, da organização e disciplina do trabalho médico, isto é o que é proposto [pelo Governo]. Para nós é essencial que se trate da base, nomeadamente da valorização transversal remuneratória na carreira”, afirmou o responsável, insistindo que “sem se falar disso, tudo o resto será ineficaz para manter os médicos no SNS”.
Noel Carrilho reconheceu que “há outras condições essenciais para manter os médicos no SNS”, mas sublinhou que a valorização do vencimento base dos médicos “tem de estar incluída no protocolo negocial”.
“Não havendo condições para chegar a esse entendimento nesta reunião, ficou suspensa para haver uma decisão por parte do Governo para esse tipo de evolução”, afirmou.
Questionado sobre se o Governo não quer incluir aumentos salariais nesta negociação, Roque da Cunha respondeu: “o que estamos aqui a falar é de criar as condições para ultrapassarmos os problemas que são evidentes perante toda a gente: aumento das listas espera de cirurgias e consultas, o caos que existe nas urgências e um continuo de saída de médicos do SNS”.
“Há 10 anos que a grelha salarial não é atualizada (…) e ao mesmo tempo há uma falta de investimento no SNS. Não são só questões salariais, são questões de falta de equipamentos e de condições de trabalho”, acrescentou.
LUSA/HN
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