Casos de violência obstétrica e dois bebés desaparecidos “sem desfecho” em Moçambique

15 de Julho 2022

A líder do Observatório das Mulheres de Moçambique lamentou hoje a morosidade das investigações sobre 27 casos de violência contra gestantes em hospitais, denunciados em 2021, entre os quais dois de desaparecimento de bebés.

Em outubro de 2021, há nove meses, sete dos casos foram destacados em conferência de imprensa com o objetivo de alertar para o assunto e para a demora, mas “até agora ainda não conheceram um desfecho”, lamentou Quitéria Guirrengane.

Entre eles está o caso de Leila, mãe que deu a cara para relatar a história do seu bebé, que foi dado como morto no Hospital da Matola, subúrbios de Maputo, mas sem que até hoje o corpo tenha sido entregue à família.

Segundo Quitéria Guirrengane, a falta de leis que criminalizem a violência obstétrica em Moçambique tem servido de “escapatória” e argumento para a demora na investigação das denúncias de maus-tratos “protagonizados por profissionais de saúde contra gestantes, parturientes e puérperas”.

De acordo com a responsável, as associações de mulheres aguardam desde outubro por uma audiência com o ministro da Saúde moçambicano, Armindo Tiago, devido à “situação crítica” que se vive nas maternidades e que devia merecer “prioridade” na agenda do governante.

“Nós ainda continuamos à espera, desde aquela altura, que o ministro da Saúde arranje um espaço, na sua tão ocupada agenda, para receber as mulheres”, frisou.

A Lusa tentou obter esclarecimentos junto do Ministério da Saúde, que se justificou precisamente com questões de agenda para o encontro ainda não ter acontecido.

Por seu lado, a Procuradoria-Geral da República ainda não deu resposta a pedidos de informação sobre os processos judiciais.

O movimento Saber Nascer, que faz parte do Observatório das Mulheres, está a realizar a campanha “Humaniza Moz”, iniciativa que visa seguir e denunciar casos de violência praticada nas maternidades moçambicanas.

De acordo com o anterior censo populacional, de 2017, o rácio de mortes maternas é de 452 por 100.000 nados vivos, o que continua a colocar Moçambique entre os países onde as mulheres têm maior risco de morte durante a gravidez, parto e período pós-parto.

LUSA/HN

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