Em comunicado, o instituto do Porto revela hoje que o projeto de investigação visa desenvolver a “primeira” terapia oral genética para a Doença de Crohn como “um tratamento não invasivo, seguro, eficaz e direcionado”.
A Doença de Crohn é uma das principais doenças inflamatórias do intestino e afeta cerca de três milhões de pessoas na Europa. Face ao seu início precoce e evolução inconstante, a Doença de Crohn tem um grande impacto na qualidade de vida dos doentes, sendo que o mais significativo se prende com o facto de “não existir um tratamento eficaz” para todos os doentes.
“Apesar dos avanços em novos moduladores imunitários e tratamentos biológicos, três em cada 10 pacientes deixam de responder às terapias, o que faz com que seja urgente encontrar novas soluções terapêuticas”, salienta o instituto.
Com um financiamento de 5,4 milhões de euros da Comissão Europeia, o projeto, intitulado GENEGUT, é liderado pela Universidade de Cork (Irlanda) e conta com nove parceiros e duas associações de oito países europeus, entre os quais o instituto da Universidade do Porto.
No âmbito do projeto, os investigadores do i3S vão receber 400 mil euros para, ao longo de quatro anos, desenvolver um modelo tridimensional (3D) que simule o “intestino inflamado” desta doença e possa ser usado “para testar a eficácia de nanomedicamentos”.
A equipa portuguesa vai também criar e disponibilizar uma “biblioteca de novos biomateriais” que pode ser utilizada para “formular nanopartículas contendo RNA terapêutico (siRNA e mRNA)”.
Os investigadores pretendem usar o conhecimento adquirido e comprovado das terapias que utilização o mRNA (como a vacina contra a covid-19) e transferir a “revolucionária tecnologia do mRNA e siRNA para tratar a Doença de Crohn”, esclarece o i3S.
A terapia oral que o projeto ambiciona desenvolver vai combinar “biomateriais desenhados para a correta encapsulação de RNA terapêutico em nanopartículas com capacidade de superar as barreiras existentes no trato gastrointestinal”.
Citado no comunicado, o investigador Bruno Sarmento, líder da equipa portuguesa, esclarece que o objetivo do projeto é desenvolver “um tratamento não invasivo, seguro, eficaz e direcionado baseado em RNA administrado oralmente”.
“A administração de RNA será possibilitada por uma abordagem combinada onde novos biomateriais, concebidos para ultrapassar as barreiras no trato gastrointestinal, sob a forma de nanopartículas”, refere, adiantando que o RNA vai permitir “combater localmente a inflamação no tecido intestinal, evitando efeitos secundários sistémicos”.
LUSA/HN
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