“Sempre pensei que quando me reformasse iria viajar, brincar com os meus netos e ler muito. Há 2 anos notei distorção na visão num dos olhos. Depois formou-se uma sombra escura que me impede ainda hoje de ler ou ver a cara das pessoas. Nessa altura, fui ao médico oftalmologista. Apesar do tratamento, não consegui recuperar a visão de leitura. Já era tarde de mais. Quando o segundo olho foi afetado, não esperei tanto tempo. Iniciei o tratamento mais cedo.” Esta é uma história muito comum quando a DMI na sua forma grave ou avançada se manifesta.
A DMI é uma doença que atinge cerca de 12.5% dos Portugueses com mais de 50 anos. Em Portugal, existem cerca de 400 000 pessoas com DMI. Felizmente, a grande maioria tem as formas precoces da doença, com ausência de sintomas ou sintomas muito leves. A progressão para as formas tardias, com perda grave de visão e cegueira para a leitura, ocorre de duas formas diferentes. A primeira é progressiva, dura anos e passa despercebida se a pessoa não é observada pelo médico oftalmologista. Chama-se Atrofia Geográfica. A segunda forma de progressão ocorre em horas ou dias. É a forma de DMI exsudativa ou húmida. Surgem vasos de sangue anormais com paredes permeáveis que deixam passar para a retina fluido e substâncias que primeiro distorcem as imagens e depois destroem as células necessárias para a visão.
A prevenção e o tratamento da DMI são importantes. A probabilidade de ter a DMI aumenta com a idade e com a existência de familiares diretos com a doença. A observação pelo médico oftalmologista permite fazer o diagnóstico a partir dos 50 anos. A prevenção implica deixar de fumar (fumar é um fator de risco para ter a doença e para desenvolver as suas formas mais graves), fazer uma dieta rica em vegetais, frutas, legumes, pouca carne e pouco leite ou derivados, fazer exercício físico regular e, nos casos com indicação, o médico oftalmologista pode prescrever complexos de vitaminas e antioxidantes em altas doses.
Em Portugal, cerca de 20 000 têm atrofia geográfica e cerca de 17 000 a forma húmida ou exsudativa da doença. Para a atrofia geográfica não existe ainda tratamento aprovado (aguardamos ainda este ano os resultados de estudos a decorrer). Para a forma húmida da doença existe tratamento que permite conservar a visão com que a pessoa chega ao médico, na grande maioria dos casos, e melhorá-la em cerca de um terço dos casos.
É de extrema importância reconhecer bem os sintomas inicias – a distorção das imagens num dos olhos e/ou uma sombra escura que se fixa no campo de visão – e iniciar o tratamento com o médico oftalmologista antes que haja perda grave de visão, se possível nas duas semanas seguintes ao início dos sintomas.
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