Familiares de crianças com diabetes tipo 1 apresentam risco acrescido de problemas de saúde mental

1 de Agosto 2022

As crianças com diabetes tipo 1 e os seus familiares mais próximos correm maior risco de desenvolver problemas de saúde mental, de acordo com um estudo publicado hoje na revista científica Diabetes Care.

As guidelines da International Society for Pediatric and Adolescent Diabetes (ISPAD) recomendam o rastreamento de problemas de saúde mental em crianças com diabetes tipo 1, mas não abordam adequadamente as necessidades dos membros da família. Além disso, as causas da relação entre problemas de saúde mental na família e a diabetes tipo 1 ainda não são totalmente compreendidas.

“Muitos médicos assumem intuitivamente que a diabetes na criança afeta negativamente a saúde mental do doente e dos membros da família”, disse Agnieszka Butwicka, professora assistente do Karolinska Institutet, na Suécia. “Mas achamos que a resposta não é tão simples. O nosso estudo indica que também pode haver um componente genético”, completou.

O estudo ligou cerca de 3,5 milhões de pessoas nascidas na Suécia entre 1973 e 2007 aos pais biológicos, irmãos e primos. Mais de 20.000 pessoas foram diagnosticadas com diabetes tipo 1 na infância, revelando quase o dobro do risco de depressão e cerca de 1,6 vezes maior risco de ansiedade e transtornos ligados ao stress.

Os pais e os irmãos também apresentaram um risco mais elevado de ansiedade e transtornos relacionados ao stress, embora em menor grau, enquanto meios-irmãos e primos não apresentaram riscos acrescidos, ou o risco era apenas ligeiramente maior para algumas condições.

“Estes resultados são de alta relevância clínica porque significam que a intervenção terapêutica também deve envolver familiares próximos, não apenas doentes”, frisou Agnieszka Butwicka.

Como pais, filhos e irmãos partilham mais material genético (cerca de 50%) do que meios-irmãos (cerca de 25%) e primos (menos de 12,5%), os investigadores defendem que os resultados suportam a ideia de que os genes podem contribuir para os problemas de saúde mental em pessoas com diabetes tipo 1.

Contudo, são necessários mais estudos “para compreender totalmente as contribuições genéticas e ambientais subjacentes que impulsionam os distúrbios psiquiátricos na diabetes tipo 1”, alertou Shengxin Liu, estudante de doutoramento no Karolinska Institutet.

AlphaGalileo/HN/Rita Antunes

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