Porque é que a temperatura corporal aumenta?
O SNS diz que “qualquer medição acima de 38º C corresponde a febre”. No entanto, como a temperatura corporal depende do local de medição, da idade da pessoa e da altura do dia, considera-se febre se houver uma “subida de temperatura de, pelo menos, 1º C acima da média da temperatura habitual da pessoa”.
A febre em si não é uma doença, mas sim uma resposta do organismo no combate a uma infeção por vírus ou bactérias. Como explica o Serviço Nacional de Saúde, “a maior parte das situações de febre são benignas e não representam risco de vida ou sequelas. A gravidade da doença que causou a febre, ou as doenças prévias da pessoa, é que podem levar à necessidade de avaliação ou aconselhamento médico”. De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), a presença de febre pode sugerir uma causa infeciosa, mas nem sempre está presente numa infeção por vírus ou bactérias.
António Guerra Maio, infeciologista e membro da direção da Sociedade Portuguesa de Doenças Infeciosas e Microbiologia Clínica (SPDIMC) explica ao Viral que “a temperatura corporal é habitualmente regulada numa estrutura cerebral chamada de hipotálamo. Neste local a temperatura é ‘gerida’ de modo a manter o normal funcionamento das células do nosso organismo”.
De acordo com o especialista, o aumento da temperatura corporal ocorre em resposta a estímulos externos – microrganismos como vírus, bactérias, fungos e parasitas – ou internos – “as citocinas, que são compostos produzidos durante a resposta inflamatória”. Outras circunstâncias também desencadeiam esta resposta, como: cirurgias, traumatismos, queimaduras, exposições a temperaturas altas, após prática de exercício físico excessivo e em resposta a vacinas ou determinados medicamentos.
O que se deve fazer para combater a febre?
Ao contrário do que se pensa, não se deve tomar banho de água fria quando se está com febre. O infecciologista da SPDIMC esclarece que não é aconselhável “utilizar banhos frios ou ventoinhas ou outros métodos físicos para baixar a temperatura dado que as medidas não são eficazes nem aumentam a sensação de conforto”. O banho frio, especificamente, “provoca desconforto e pode causar tremores, que promovem o aumento da temperatura e podem, por isso, agravar a situação clínica”.
De acordo com o especialista, medidas realmente eficazes são: adequar o vestuário e a roupa de cama à situação; ingerir líquidos com frequência para evitar a desidratação; alimentar-se o mais adequadamente possível; vigiar sinais de alerta; ajustar a temperatura ambiental se possível.
Se o desconforto se mantiver pode ser recomendada a toma de antipiréticos como o paracetamol ou ibuprofeno, sendo o mais recomendável o primeiro, devido à “sua segurança e eficácia”. A aspirina – muitas vezes utilizada nestas circunstâncias – está contraindicada em crianças menores de 12 anos, devido ao “risco de complicações associadas à sua toma”, aponta o médico. Já os antibióticos não devem, por regra, ser utilizados para combater a febre.
“A dose dos antipiréticos deve ser ajustada, principalmente nas crianças, não ultrapassando as recomendações definidas e o número de tomas diárias. Não há evidência científica de que alternar os dois antipiréticos aumente a eficácia do tratamento ou seja mais seguro que o seu uso de forma isolada”, afirma António Guerra Maio.
Deve-se ir ao médico se houver sinais e sintomas de maior gravidade tais como: “convulsões, cefaleias intensas, vómitos persistentes, aparecimento de exantemas (manchas na pele), dificuldades para respirar, apatia extrema, entre outros”, alerta o infecciologista. Ou ainda, explica o Serviço Nacional de Saúde, se a pessoa tiver problemas de saúde ou estiver sob tratamentos que aumentem o risco ou gravidade de infeções, como por exemplo: infeção por VIH, diabetes, asma, obesidade mórbida, quimioterapia.
Se for uma criança, é necessário contactar um médico se: for um bebé de menos de três meses de idade, a temperatura axilar for superior a 40° C ou retal superior a 41° C, tiver sonolência excessiva ou incapacidade em adormecer, respiração rápida com cansaço, sede insaciável, vómitos constantes (entre outros sintomas que pode ver aqui).
O CDC e o SNS apontam que a febre pode passar no próprio dia ou durar até uma semana, dependendo muito do processo corporal. António Guerra Maio ainda refere que mesmo que não se apresentem os critérios referidos, se a febre se mantiver em três a cinco dias, é necessário consultar um médico.
Texto publicado ao abrigo da parceria entre a plataforma de Fact Checking Viral-Check e o Heathnews.pt
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