O inquérito judicial (‘inquest’) é um procedimento conduzido por um magistrado (‘coroner’) para apurar as causas e circunstâncias de uma morte quando esta não tem acontece de forma natural.
Adiado por causa da pandemia de Covid-19, terá lugar hoje à tarde no tribunal de Tralee, no condado de Kerry, no sudoeste do país, confirmou fonte judicial.
A presidente da Associação Portuguesa na Irlanda, Maria Manuela Silva, disse à Lusa que está a prestar assistência no caso à família do pescador para tentar que a família receba uma indemnização, o que não aconteceu até agora.
José Vareiro, conhecido por “Berto Vareiro” e natural de Caxinas, em Vila do Conde, tinha 53 anos quando morreu afogado após cair ao mar enquanto trabalhava a bordo do barco “Cú Na Mara” (cão de caça dos mares em irlandês) em 01 de julho de 2016.
Na altura, o caso foi dado como um acidente pelo armador e colegas, entre os quais estava um irmão da vítima, e um processo criminal foi arquivado, disse Manuela Silva.
Porém, o advogado que está a assistir a família recolheu testemunhos da viúva e de outro tripulante indicando que Vareiro não tinha colete salva-vidas nem capacete, como está previsto nas regras de segurança, que os pescadores a bordo foram convencidos pelo armador a dizer o contrário para facilitar a indemnização pelo seguro, o que não se concretizou.
Segundo Maria Manuela Silva, a viúva e a filha mais velha relataram a conversa do irmão do defunto, que terá contado à cunhada e filhas “que tinham decidido juntamente com o armador do barco dizer à polícia que estava tudo em ordem porque senão a família não teria direito a nenhuma compensação do seguro”.
Segundo Manuela Silva, se a magistrada responsável, Helen Lucey, decidir que existiu negligência poderá ajudar num caso cível em curso para obter uma indemnização ou colocar pressão no armador para chegar a um acordo com a família.
Lucey pode ainda dar mais três ou seis meses à polícia para investigar novamente o caso.
LUSA/HN
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