“A fome está a bater à porta. Hoje é um último aviso. O Relatório de Análise Alimentar e Nutricional da Somália mostra dados concretos de que ocorrerá uma situação de fome em duas áreas da região da Bay entre outubro e dezembro deste ano”, afirmou Martin Griffiths, numa conferência de imprensa na capital somali, Mogadíscio.
A catástrofe irá afetar dois distritos no sul do país, Baidoa e Buurhakaba, advertiu.
Chegado à Somália na passada quinta-feira, Griffiths manifestou-se “profundamente chocado com o nível de dor e sofrimento que tantos somalis estão a enfrentar”.
Em todo o país, um total de 7,8 milhões de pessoas, quase metade da população, foi afetado pela seca histórica, que colocou 213.000 pessoas em sério risco de fome, de acordo com os números da ONU.
A fome e a sede levaram um milhão de pessoas a abandonarem as suas zonas em busca de ajuda desde 2021.
O país está a viver a sua terceira seca numa década, mas a atual “ultrapassou as terríveis secas de 2010-2011 e 2016-2017 em termos de duração e severidade”, alertou o OCHA em julho.
É o resultado de uma sequência de quatro estações chuvosas consecutivas fracas, desde finais de 2020, sem registo idêntico há pelo menos 40 anos.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM), a agência meteorológica da ONU, advertiu em finais de agosto que a próxima época das chuvas, prevista para entre outubro e novembro, também deverá falhar.
A seca dizimou os rebanhos, essenciais para a sobrevivência de uma população muito dependente da pastorícia, bem como culturas, que já tinham sido devastadas por uma praga de gafanhotos que varreu o Corno de África entre finais de 2019 e 2021.
A Somália foi atingida pela fome em 2011-2012 que matou cerca de 260.000 pessoas, metade das quais eram crianças com menos de 5 anos. Entre julho de 2011 e fevereiro de 2012 foi declarado um estado de fome em várias zonas do sul e centro do país.
LUSA/HN
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