BE questiona Governo sobre encerramento de bloco de partos de Bragança

15 de Setembro 2022

O Bloco de Esquerda (BE) questionou o Governo sobre o encerramento do bloco de partos da maternidade de Bragança e sobre as medidas que garantem que a situação não se repete, foi hoje divulgado.

A iniciativa parlamentar do partido surge depois de, na segunda-feira, a Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste ter informado que “a atividade programada e urgência do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia estão a funcionar, mas o bloco de partos poderia encerrar “alguns dias nesta semana, devido a baixa médica de uma especialista”.

“O encerramento do serviço de Ginecologia e Obstetrícia e do bloco de partos do Hospital de Bragança configura um caso grave, que não poderia acontecer e que carece de medidas estruturais urgentes para garantir que não volte a repetir-se”, refere o BE numa exposição dirigida à Ministra da Saúde.

Na pergunta por escrita apresentada na Assembleia da República, o partido considera que “não se pode aceitar que um hospital com a dimensão e diferenciação do Hospital de Bragança possa ter a o serviço de Ginecologia/Obstetrícia e o bloco de partos encerrado, deslocando as utentes para o hospital de Vila Real”.

“A distância entre o Hospital de Bragança e o de Vila Real é de 117 quilómetros, uma distância muito grande, que tem mais impacto para a população dos concelhos raianos, como por exemplo Freixo Espada a Cinta, Vinhais ou Miranda do Douro. Em alguns casos as utentes terão de percorrer mais de 150 quilómetros para poderem ser atendidas nos seus cuidados de saúde”, sustenta.

Mesmo que se trate de “uma situação absolutamente pontual”, o Bloco de Esquerda considera que “é imprescindível averiguar como foi possível chegar a este ponto bem como quais as medidas que estão a ser implementadas para assegurar que tal não volta a acontecer”.

O Bloco de Esquerda pergunta, na iniciativa parlamentar, se o Governo tem conhecimento da situação e quantos médicos, enfermeiros, auxiliares são necessários para assegurar o normal funcionamento e escalas de trabalho do serviço de Ginecologia e Obstetrícia do bloco de partos do Hospital de Bragança.

Na sequência de notícias a dar conta de que a urgência e o bloco de partos estariam encerrados entre terça e sexta-feira, a Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste emitiu, na segunda-feira, um comunicado onde referia que “a atividade programada e urgência do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia estão a funcionar, no entanto, por motivo de baixa médica de uma especialista do serviço, poderão verificar-se, em alguns dias desta semana, eventuais constrangimentos no atendimento urgente, sendo necessário ativar o plano de contingência, o que significa que o bloco de partos estará encerrado nesses dias”.

Nessas situações, explica a ULS do Nordeste, as utentes que recorram pelos próprios meios aos serviços de urgência “serão orientadas, após observação médica e se a situação clínica o justificar, para a unidade hospitalar de referência no âmbito do Serviço Nacional de Saúde”.

A maternidade mais próxima de Bragança é a de Vila Real, que fica a cerca de uma hora de distância.

A maternidade de Bragança é a única no distrito transmontano e dista mais de uma hora de parte dos 12 concelhos da região, havendo casos, como o de Freixo de Espada à Cinta, em que a viagem demora cerca de hora e meia.

Embora a maior parte da população da região esteja mais próxima de Bragança, há concelhos, como Freixo de Espada à Cinta, Torre de Moncorvo, Vila Flor, Alfândega da Fé ou Mirandela que estão a distâncias idênticas, em termos de tempo de viagem, de Bragança e de Vila Real.

No caso do concelho de Carrazeda de Ansiães, apesar de pertencer ao distrito de Bragança, a viagem até Vila Real é mais curta.

Para outros concelhos como Mogadouro, Miranda do Douro, Vinhais ou Vimioso, a distância é maior até Vila Real do que até Bragança.

LUSA/HN

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