Com base no resultado do estudo, foi possível identificar padrões comuns de fragilidades na prática colaborativa que não só diminuíam o desempenho e a capacidade de inovação, como também prejudicavam o bem-estar psicológico das pessoas.

Os conteúdos analisados apontam para factores essenciais a ter em consideração: um ambiente de trabalho saudável, um equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal e um modelo de visão biopsicossocial a longo prazo – apenas assim as organizações poderão garantir a segurança psicológica dos seus colaboradores.

Todos estes factores têm implicações, mais do que em quaisquer outras áreas, nas actividades de inovação pois estas são, por natureza, caracterizadas pela incerteza, exploração de territórios desconhecidos e riscos elevados – os projectos de inovação são sentidos pelas pessoas como fontes de renovação mas também de incerteza, de mudança e de stress! Por tudo isto, são diferentes de outras actividades organizacionais e muitas vezes consideradas como desafiadoras e desafiantes pela estratégia geral da organização e cultura existentes.

Estes períodos de mudança requerem uma abordagem transformadora para lidar com a propagação de incertezas – a cooperação e co-criação de diferentes perfis de público dentro e fora da empresa. Deste modo, permite-se acelerar os processos e agregar mais pessoas, ideias e parcerias. Ou seja, um local onde as pessoas não se sintam encorajadas a contribuir, dar ideias, sugestões, apresentar críticas  ou mesmo revelar fraquezas e erros abertamente, com o medo constante de retaliações, reprimendas ou ridicularizações por parte das chefias ou, até, dos colegas de equipas, não podemos falar de segurança psicológica.

Tudo isto poderá parecer evidente mas as pesquisas mencionadas constataram que apenas algumas empresas conseguiam encontrar a forma de a garantir. A “fórmula secreta” era a existência de um clima positivo no qual todos valorizam as contribuições uns dos outros com um planeamento e acompanhamento sistemáticos ou através da orientação da cultura corporativa, alinhada com acções e estruturas que permitem que o ambiente de trabalho seja regido pela coragem e contribuição e não pela tensão e medo.

A segurança psicológica tem um impacto importante tanto nos indivíduos como nas organizações. Tem impacto direto na eficiência da comunicação, no fluxo de informação, no ambiente de trabalho, rotatividade e a qualidade da colaboração. Mas, indirectamente, também afeta a produtividade, lealdade e a capacidade de inovação.

Em termos de saúde mental, as consequências podem estar apenas a um passo de se sofrer de ansiedade, burnout e outras questões de saúde.

Basicamente, é fundamental promover um clima organizacional que valorize o ser humano com o mesmo entusiasmo que valoriza os resultados económicos. O processo tem de começar pelas lideranças e ser estimulado em todos os departamentos e níveis hierárquicos, até que se torne natural e, principalmente, cultural.

A comunicação aberta, franca e assertiva é fundamental para a segurança psicológica e, consequentemente, para o crescimento de qualquer organização. Mas como se pode comunicar bem para o exterior sem se estar consciente do que se passa no interior? Comunicar é a arte de bem gerir mensagens – quantas mensagens mal interpretadas já geraram conflitos?

Até este momento, temos vindo a abordar o tema e a relacioná-lo com um ambiente de trabalho saudável, no contexto da inovação. Mas a profunda transformação que a transição digital tem vindo a provocar não se tem feito apenas sentir no mundo corporativo: a exigência de adaptação constante, gestão ágil da mudança e a gestão deste ritmo acelerado da vida profissional, também tem efeitos nos seres humanos. Com a evolução da tecnologia, surgem tanto novas soluções com impacto positivo como problemas que precisam de atenção! O que obriga as empresas – mas também as pessoas – a se adaptarem para lidar com os novos desafios: gerir as “fronteiras” do teletrabalho (ser capaz de separar a vida privada da esfera profissional), estar constantemente “ligado” a toda a informação, a atenção fragmentada, comparação social e expectativa de realizações pessoais incentivados em grande escala pelos meios de comunicação.  

De modo a contrabalançar a intensidade deste impacto, hoje, mais do que nunca, é essencial regressar à plenitude do ser humano, a uma reconexão com a verdadeira natureza do próprio indivíduo e dos outros, que traga autenticidade, responsabilidade e autoconhecimento. Como descreve Carl Rogers, um dos mais influentes psicólogos americanos no seu livro “Tornar-se Pessoa”, “a vida boa não é, estou convencido, uma vida para os fracos de coração. Implica um processo e um crescimento para se tornar cada vez mais potencial. Implica a coragem de ser. Significa lançar-se totalmente na corrente da Vida.” (1961).

O projeto EPIC facilita um conhecimento prático de conteúdos de segurança psicológica, e disponibiliza um conjunto de ferramentas dinâmicas de ofertas formativas gratuitas onde são igualmente abordados outros pilares essenciais: comunicação aberta, pensamento inovador, aplicação dinâmica de mindfulness, apoio na gestão estratégica, entre outros.

O consórcio elaborou um Guia Explicativo para a Inovação e Produtividade, com conteúdos teóricos e casos de melhores práticas, organizou uma coleção de Exercícios de Grupo, uma Plataforma Digital de Avaliação da Inovação e um Jogo de Cartas “Innovation Wizard” (“O Campeão da Inovação”), que pretende aperfeiçoar e melhorar áreas como a comunicação aberta, trabalho de equipa, segurança psicológica e o pensamento inovador a nível organizacional.

Todos os materiais estão disponíveis em formato digital, gratuitamente, em 6 línguas (PT, EN, GR, HU, SK, RO). Podem ser descarregados no website do projeto (https://epic-project.net) ou no parceiro português do EPIC, Weople Portugal l (www.weople.pt)

PR/HN