Angola com 20 novas infeções diárias e 16.000 mortes anuais por VIH/Sida

5 de Outubro 2022

Pelo menos 16.000 pessoas morrem anualmente em Angola vítimas do VIH/Sida e o país, que tem cerca de 340.000 seropositivos, está a registar diariamente cerca de 20 novas infeções, sobretudo entre jovens, anunciou hoje uma organização não-governamental angolana.

A situação atual do VIH/Sida em Angola foi apresentada hoje pela Rede Angolana das Organizações de Serviços de Sida e Grandes Endemias (Anaso), organização não-governamental, considerando que o quadro é alarmante, particularmente no seio dos jovens.

Segundo a Anaso, Angola tem uma taxa de prevalência de 2% e o VIH/Sida no país continua a ter o rosto feminino, com cerca de 190.000 mulheres a viver com a doença, 44.256 jovens entre os 14 e 24 anos e cerca de 39.000 crianças dos zero aos 14 anos vivem igualmente com o vírus.

A organização estima igualmente que Angola regista 22.000 novas infeções por ano e que conta com 264.365 órfãos em consequência da doença.

António Coelho, presidente da Anaso, deu a conhecer, na ocasião, que Luanda, capital angolana, representa 40% dos casos de VIH/Sida no país e que o município de Viana, um dos nove de Luanda, é o mais afetado do país.

Cunene, Moxico, Lunda Norte e Lunda Sul estão também entre as províncias angolanas com maior índice de seroprevalência.

Os dados foram apresentados esta quarta-feira durante o encontro mensal desta organização sobre as jornadas alusivas do Dia Mundial da Sida 2022, que decorre entre 15 de novembro e 15 de dezembro de 2022 em todo o país.

Francisco Simões, membro do corpo diretivo da Anaso, que apresentou o quadro geral da epidemia em Angola falou também em constrangimentos nas ações de prevenção e combate ao VIH/Sida no país.

A fraca sustentabilidade da resposta comunitária, deficiente recolha e tratamento dos dados, limitado financiamento comunitário, alto índice e estigma e discriminação, fraca coordenação entre os parceiros e a ausência de política nacional sobre saúde comunitária foram apontados como os atuais constrangimentos.

Para o responsável, o país ainda enfrenta enormes desafios na resposta ao VIH/Sida, nomeadamente a sustentabilidade da resposta, melhoria da qualidade de assistência às pessoas a viver com a doença, melhoria da adesão e a descentralização dos serviços para reduzir as “altas taxas de abandono”.

O presidente da Anaso disse, por outro lado, que o financiamento constitui igualmente um dos grandes problemas para dar resposta à epidemia, referindo que o Orçamento Geral do Estado (OGE) “não responde” aos desafios da doença e defendeu o envolvimento do setor empresarial.

Sensibilizar a população para a prevenção contra as infeções transmissíveis sexualmente e o VIH/Sida constitui o objetivo geral das jornadas da Anaso, que devem decorrer sob o lema “Acabar com as Desigualdades”.

A Anaso espera mobilizar 29,5 milhões de kwanzas (67,4 mil euros) para suportar as despesas das jornadas alusivas ao Dia Mundial da Sida 2022, que se assinala em 01 de dezembro.

NR/HN/LUSA

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