Investigar, tratar, evoluir: A chave do sucesso no tratamento da Hepatite C

5 de Outubro 2022

Especial 28° Congresso Nacional de Medicina Interna

A Medicina tem uma longa história e, como tal, o seu percurso está repleto de invenções e inovações que, direta ou indiretamente, salvam a vida a milhões de pessoas todos os dias. A conferência “Hepatite C: Uma História de Sucesso”, do 28.º Congresso da SPMI, abordou a evolução da forma que se olha e trata esta patologia, através da voz e conhecimento de Armando Carvalho.

Na sua apresentação, Armando Carvalho fez questão de expor a história da hepatite C, desde a descoberta do vírus em 1989, à procura de uma terapêutica e à cura do mesmo.

Persistência, esperança e reconhecimento foram palavras de ordem durante a sua exposição, quando se referia a quem identificou o vírus.

“Em 50 anos, há que destacar a persistência dos investigadores, a esperança trazida pela descoberta e o reconhecimento do mérito dos investigadores”, disse.

Para o orador, a hepatite C, ainda que seja um problema de saúde pública, já é bastante menor, graças à prevenção e tratamento.

Relativamente a Portugal, referiu que foram apresentadas nove teses de doutoramento, o envolvimento de internistas, gastrenterologistas e infeciologistas, que contribuíram para esta evolução.

Acerca do objetivo do tratamento é necessária que haja uma resposta viral mantida, ou seja, ausência persistente de deteção de ARN-VHC, pelo menos 12 semanas após o final do tratamento.

“Vimos a eficácia da terapêutica subir de 10% para quase 100% da erradicação viral”, assinalou.

Armando Carvalho disse que ao longo do tempo foi necessário muito trabalho, nomeadamente a negociação com as autoridades de saúde e indústria farmacêutica.

A eliminação da hepatite C é um desafio, no entanto, a OMS estabeleceu como meta para 2030 90% de redução das novas infeções crónicas, tratamento de 80% dos infetados e 65% de redução da mortalidade relacionada com a hepatite C.

Atualmente, na prática, tem existido uma microeliminação, através do protocolo com os estabelecimentos prisionais e diagnóstico e tratamento dos utilizadores de drogas, no entanto, não há um plano de rastreio/ diagnóstico precoce, é necessário um maior envolvimento da MGF e a disponibilização da terapêutica deve ser simplificada.

Ainda assim, importa referir que em cerca de 30 anos, de doença de causa não identificada, passou à identificação do agente etiológico e do tratamento pouco eficaz e com muitos efeitos adversos aos DAA: erradicação viral de mais de 95% dos doentes com tratamento simples.

“Vamos continuar a tentar eliminar a doença. De facto, há ainda muita coisa para fazer”, finalizou.

28º CNMI/HN

 

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