Investigadores do Porto estudam criopreservação de espermatozoides humanos

12 de Outubro 2022

Uma equipa de investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) vai investigar se a criopreservação de espermatozoides humanos afeta a estabilidade do genoma, foi esta quarta-feira divulgado.

Em causa está um projeto, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) com 50 mil euros, que deverá resultar em “informações inéditas e clinicamente relevantes sobre a segurança da criopreservação”, refere a FMUP na informação remetida à agência Lusa.

O estudo, que recai nos efeitos da criopreservação no ADN humano, tem como foco as regiões “onde estão genes cuja expressão é dependente da origem parental e que são essenciais para o desenvolvimento embrionário e placentário”.

A criopreservação de espermatozoides é uma técnica utilizada na Reprodução Medicamente Assistida, permitindo o seu armazenamento a longo prazo.

Na prática clínica, a criopreservação é usada, por exemplo, para preservar os espermatozoides de homens com cancro, evitando que sejam afetados pelos efeitos adversos de tratamentos como a quimioterapia e a radioterapia.

No entanto, citada na informação enviada à Lusa, a investigadora responsável do projeto e professora da FMUP, Joana Marques, alerta que “a criopreservação é geralmente considerada uma técnica segura, mas poderá provocar danos na viabilidade dos espermatozoides, diminuindo a possibilidade de fertilização”.

“E também no próprio ADN, isto é, no material genético que será transmitido à geração futura”, acrescenta.

A especialista em genética analisou grupos onde ocorreram erros de metilação em espermatozoides de pacientes inférteis.

“Pretendemos agora averiguar se a técnica de criopreservação poderá levar também ao aparecimento destes erros”, indica a especialista.

No âmbito deste projeto, os investigadores irão recolher amostras de espermatozoides de homens que sofrem de infertilidade e espermatozoides de homens férteis.

As amostras serão criopreservadas durante um mês, seis meses ou 12 meses.

Depois de descongelados, os espermatozoides serão sujeitos a análise, nomeadamente no que respeita a modificações epigenéticas no ADN.

A FMUP estima que, no final, seja possível saber se a criopreservação tem ou não impacto na epigenética dos espermatozoides.

“Espera-se que os resultados possam informar os laboratórios que recorrem a esta técnica um pouco por todo o mundo”, lê-se no resumo sobre o projeto que arranca em janeiro do próximo ano e terá a duração de 18 meses.

O projeto envolve vários investigadores da FMUP, nomeadamente Alberto Barros, Carla Caniçais, Carolina Almeida, Filipa Carvalho, Sara Vasconcelos, Sofia Dória e Sofia Coelho, aos quais se juntam Elsa Oliveira e Mário Sousa do ICBAS e Miguel Branco, do Blizard Institute, Queen Mary University of London (QMUL), no Reino Unido.

LUSA/HN

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