Governo dos Açores analisa queixa contra médicas que terão ignorado lista de espera

21 de Outubro 2022

O secretário regional da Saúde dos Açores disse esta sexta-feira estar a analisar uma queixa do Hospital de Ponta Delgada contra duas médicas que terão ‘furado’ a lista de espera de cirurgias e operado um paciente.

“Recebi a queixa e está a ser analisada”, afirmou Clélio Meneses, em declarações à agência Lusa, na sequência de uma notícia divulgada pelo jornal Diário Insular.

De acordo com o matutino, o Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada (HDES) queixa-se de “eventual promiscuidade entre serviço público e privado”.

“Um doente que estaria a ser acompanhado numa entidade privada terá sido sujeito a uma intervenção cirúrgica vascular” naquele hospital público, “passando por cima das listas de espera e dos procedimentos administrativos e burocráticos que são impostos a todos os utentes”, é referido.

Uma das médicas visadas, Isabel Cássio, é funcionária do HDES e diretora clínica do Hospital Internacional dos Açores (HIA), único hospital privado dos Açores. A outra médica envolvida na queixa é Isabel Vieira.

De acordo com o Diário Insular, “estiveram envolvidos na cirurgia médicos que trabalham para o HDES e para o HIA, situação que o conselho de administração da unidade pública questiona, solicitando uma análise ao abrigo de diversos deveres de um funcionário público, incluindo isenção e lealdade.”.

O doente “terá exames efetuados no exterior e não no HDES” e, “antes de a intervenção ocorrer, médicos do HDES e outros que trabalham para o HIA e para o HDES envolveram-se numa discussão por correio eletrónico sobre se a intervenção deveria ocorrer ou não, por inexistência de um aparelho designado por Cell Saver, que existiria no HIA e poderia ser emprestado”.

“O HDES recusou o empréstimo, alegando que tal equipamento não seria imprescindível, propondo, no entanto, que o doente poderia ser operado no Hospital de Santo António (Porto). As médicas Isabel Vieira e Isabel Cássio, também ligadas ao HIA, acabaram por assumir a intervenção e os alegados riscos”, aponta o jornal.

O conselho de administração do HDES afirma que a situação em causa prejudica “o bom nome da instituição e do Serviço Regional de Saúde”, sendo capaz de provocar “alarme social”.

Poderão estar em causa “a eventual violação dos deveres do funcionário público”, bem como “dos deveres éticos e deontológicos reguladores do exercício da profissão médica”.

LUSA/HN

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