“Estamos a investir em jovens que têm um grande potencial de desenvolver a ciência”, disse ao HealthNews Maria do Carmo Fonseca, que discursou ontem em representação do júri.
“Eu destacaria o facto de estarmos a investir em jovens investigadores que são portugueses, que estão a desenvolver a sua investigação em Portugal e que estão no início das suas carreiras”, explicou a cientista.
Os vencedores são selecionados “pelas provas que já deram no passado”. “Já nos convenceram de que sabem fazer investigação e, portanto, nós estamos a investir neles e estamos à espera que eles contribuam para melhorar e aumentar o conhecimento”, disse-nos a representante do júri.
No discurso proferido na cerimónia da segunda edição do Prémio Maria de Sousa, Maria do Carmo Fonseca destacou a alegria de celebrar Maria de Sousa – “que foi uma pessoa extremamente preocupada em garantir que as novas gerações pudessem ter literacia científica e que pudessem, quem quisesse, ter oportunidade de desenvolver uma carreira na ciência” –; a importância da visão da Fundação BIAL, que garante uma “forma de mecenato absolutamente essencial para que os nossos jovens possam desenvolver carreiras científicas”, recordando que o financiamento na ciência e tecnologia “é insuficiente” em Portugal; e o envolvimento da Ordem dos Médicos.
“Isto faz-me pensar que a nossa Ordem dos Médicos reconhece o papel da investigação científica para o desenvolvimento da medicina. Mas espero que a Ordem dos Médicos, a atual e a futura, estejam conscientes da importância que é ter médicos (…) que exercem medicina a exercer também a função de investigador científico”, acrescentou Maria do Carmo Fonseca. Contudo, em Portugal, as carreiras médicas estão “sob permanente pressão” e estes profissionais continuam sem tempo para fazer investigação – um problema “longe de estar resolvido”.
Também discursaram Elvira Fortunato, ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, e Luís Portela, presidente da Fundação BIAL. A ministra destacou o facto de, nesta edição, terem sido premiadas apenas mulheres, dizendo que “foram cinco mulheres, e ainda bem que foram cinco mulheres”, e desafiou as jovens a terem em Maria de Sousa uma inspiração.
Miguel Guimarães e Luís Portela anunciaram que o Prémio que homenageia a imunologista Maria de Sousa terá continuidade. “A Ordem dos Médicos e a Fundação BIAL estão aqui em sintonia no apoio ao desenvolvimento científico na área da saúde. E, assim, no próximo ano, realizaremos – como já foi anunciado pelo senhor bastonário – a terceira edição deste prémio, com as mesmas características, com o mesmo júri e com o mesmo espírito de homenagem a Maria de Sousa”, afirmou Luís Portela.
Este ano, o apoio foi para Carina Soares-Cunha (Instituto de Investigação em Ciências da Vida e da Saúde – Universidade do Minho), Sandra Tavares (i3S – Universidade do Porto), Ana Melo (Associação do Instituto Superior Técnico para a Investigação e Desenvolvimento), Ana Rita Cruz (Champalimaud Research/Systems Oncology) e Daniela Rodrigues (Centro de Investigação em Antropologia e Saúde da Universidade de Coimbra), cinco jovens cientistas com projetos de investigação em diferentes áreas: neurociências, cancro, doenças degenerativas e impacto da experiência sensorial dos espaços urbanos na saúde. Todas apresentaram os seus projetos no Teatro Thalia.
O júri foi liderado pelo neurocientista Rui Costa, presidente e diretor executivo do Allen Institute, nos EUA.
HN/Rita Antunes
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