Bolieiro promete reunir com médicos dos Açores e lembra que devem existir “cedências mútuas”

17 de Novembro 2022

O presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, reiterou hoje “total solidariedade” com os médicos e prometeu reunir “em breve” com os profissionais devido ao pagamento das horas extraordinárias, lembrando que numa negociação existem “cedências mútuas”.

“Terei oportunidade, de forma direta, olhos nos olhos, de conversar com os médicos, os seus representantes, sindicatos e ordem profissional. Uma coisa disse e repito: têm total solidariedade, reconhecimento e gratidão [do Governo Regional]”, afirmou Bolieiro aos jornalistas, na sede da Presidência, em Ponta Delgada.

Médicos, dos três hospitais públicos da região manifestaram, em abaixo-assinado enviado ao presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, ao seu vice-presidente, Artur Lima, e ao secretário regional da Saúde e Desporto, Clélio Meneses, a sua indisponibilidade para realizar horas extraordinárias para além do limite legal das 150 horas, o que poderá colocar em causa o serviço de urgência já em dezembro.

Segundo o diário Açoriano Oriental, são 426 os médicos que assinaram o documento, sendo 191 do Hospital Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada.

Em causa estão declarações do vice-presidente do Governo dos Açores, de coligação PSD/CDS-PP/PPM, que, na sexta-feira, afirmou que os médicos “não podem usar o dinheiro como moeda de troca para dispensar” a prestação de cuidados, considerando que tal é uma “violação grosseira” da ética.

Hoje, Bolieiro prometeu reunir-se com os médicos “o mais breve possível”, reiterando a necessidade de “diálogo e concertação”, mas lembrando que nas negociações existem “cedências mútuas”.

Questionado sobre a possibilidade de o serviço de urgência estar em risco em dezembro, o líder do executivo regional considerou que não se deve promover o “alarme social”.

 “Não gostaria que contribuíssemos para o alarme social, mas, pelo contrário, que contribuíssemos para a harmonia através do diálogo. Provavelmente, como em todas as circunstâncias, não haverá perfeição, nem satisfação total de partes. Há consenso e harmonização. E haverá sempre, como é típico de uma negociação, cedências mútuas”, afirmou.

O presidente do Governo dos Açores revelou no domingo que vai “acompanhar pessoalmente” a revisão ao diploma que regula o pagamento de horas extraordinárias aos médicos, em vigor desde sexta-feira, negando “categoricamente” qualquer tentativa do vice-presidente em “desconsiderar” os profissionais.

Segundo o diploma em vigor, os médicos que façam horas extraordinárias na urgência ou atendimento permanente nos Açores têm um novo acréscimo remuneratório por hora a partir da primeira posição remuneratória de assistente graduado sénior.

No sábado, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) dos Açores repudiou “de forma veemente” as declarações do vice-presidente do Governo Regional sobre os profissionais do setor, revelando que vários manifestaram “indisponibilidade” para prestar trabalho suplementar na sequência delas.

LUSA/HN

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