Ao final da tarde de ontem, numa visita às instalações do Banco Alimentar Contra a Fome, em Lisboa, o chefe de Estado partilhou com os jornalistas acreditar que essa solidariedade vai voltar a manifestar-se na nova campanha de recolha de alimentos, atualmente a decorrer, promovida por aquela instituição.
“Esta campanha dirige-se a quase meio milhão de portugueses, 400 e tal mil, [que] em 10 milhões é um número muito elevado. Um número muito significativo de pessoas estão em pobreza alimentar ou em situação de risco de pobreza alimentar, muito necessitadas, muito carenciadas, e esta solidariedade, que tem havido campanha após campanha, que depois da pandemia se manifestou com grande força, penso que se vai manifestar também hoje e amanhã [domingo]”, afirmou em declarações aos jornalistas, no final da visita.
A solidariedade que se manifesta em campanhas como esta é, para o Presidente da República, “complementar” a medidas de apoio decretadas pelo Governo.
“Uma coisa são apoios e intervenções de políticas públicas, para situações mais graves – se a inflação estiver muito alta, se houver um problema de queda no crescimento económico muito significativa, se a guerra continuar. Outra coisa é que no dia-a-dia as pessoas precisam destes apoios, e o Estado e as autarquias não estão em condições de dar”, afirmou.
Estes ‘apoios do dia-a-dia’ chegam a quem deles necessita, lembrou, “através de milhares de instituições”.
“O Banco Alimentar envia para milhares de instituições, que por todo o país apoiam e estão próximas das populações. Será sempre fundamental este tipo de campanha, será sempre fundamental aquilo que contribui para os portugueses mais necessitados em períodos de crise”, salientou.
Este apoio da sociedade civil “é solidariedade”, “capacidade de doação aos outros”. “Sabemos como isso custa àqueles que estão eles próprios numa situação difícil, mas os portugueses nunca deixam de responder. São excecionais, têm um grau de solidariedade único e que se testemunha ano após ano e campanha após campanha aqui no Banco Alimentar”, disse.
Mesmo com apoios como o do Banco Alimentar, “se houver uma situação, um cenário mais difícil, se a guerra durar [mais] seis meses, se a inflação continua muito alta, se aquilo que se sofre hoje se prolongar ou se agravar, aí é evidente que à medida que isso aconteça há políticas públicas de emergência, ajudas sociais que poderão ter se ser adotadas”.
No entanto, reforçou, “isso não quer dizer que de imediato não haja este movimento e estas cadeias de solidariedade, que são fundamentais para o dia-a-dia”.
“Esta comida é para amanhã ou depois de amanhã ou para daqui a oito, quinze dias, não vai esperar pelos números dos bancos centrais, pelas estatísticas que podem chegar só daqui a umas semanas ou daqui a uns meses”, defendeu o chefe de Estado.
Durante a visita, Marcelo Rebelo de Sousa foi recebido com entusiasmo por crianças, adolescentes e adultos, voluntários no Banco Alimentar, que manifestaram a alegria de o verem e que lhe pediram as habituais ‘selfies’, às quais nunca se negou.
O Presidente da República aproveitou ainda a visita para se inteirar do estado do telhado do armazém número 2, que tinha sido arrancado no início deste mês por um tornado, que provocou estragos na zona de Alcântara.
A presidente do Banco Alimentar Contra a Fome, Isabel Jonet, explicou que em cinco dias e com a ajuda do exército, a situação ficou resolvida.
Aos jornalistas, Isabel Jonet falou na campanha em curso como uma “campanha em que se renova o apelo à solidariedade coletiva, sendo o mote o da esperança”.
“Sabemos que há hoje muitas famílias que têm uma situação mais difícil. E a campanha do Banco Alimentar tem esta vertente, por um lado incentivar o voluntariado, enquanto participação cívica, por outro lado recolher alimentos que fazem falta a muitas famílias”, afirmou.
Salientando ainda ser “cedo para fazer balanço”, Isabel Jonet referiu que “os portugueses são muito generosos” e até cerca das 19:00 de hoje já tinham sido doadas “muitas toneladas de alimentos”.
Este fim de semana, o Banco Alimentar contra a Fome está a realizar uma nova campanha de recolha de alimentos em supermercados. A recolha prossegue depois até 04 de dezembro, através da aquisição de vales em supermercados ou de contribuições através do site www.alimentestaideia.pt.
LUSA/HN
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