A Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM) venceu com o trabalho “Integração Vertical e Horizontal da Consulta de Demências na ULSAM com recurso à Telemedicina”, um esforço extra numa “patologia muito prevalente, em que, muitas vezes, os cuidados de saúde são realizados de forma fracionada, o que leva a que o doente muitas vezes não tenha facilidade em resolver o seu problema agudo quando existe uma descompensação e recorra a diversas consultas e ao serviço de urgência”, disse ao HealthNews a neurologista Sandra Perdigão, diretora do Serviço de Neurologia da ULSAM.
Este projeto permitirá também, “através de um plano individual de cuidados”, que as equipas dedicadas à demência nos hospitais interajam com os cuidados de saúde primários e da comunidade e sigam os doentes falando a mesma linguagem, sem “cuidados fracionados, nem duplicação de cuidados”.
Desta forma, familiares e doentes com demência podem recorrer a estas equipas nos cuidados de saúde primários e comunitários ou nos hospitais sempre que quiserem esclarecer dúvidas, ou para que possam ser ajustadas as medicações na fase aguda, “permitindo um maior suporte psicológico e médico para estes doentes” e “evitando a recorrência ao serviço de urgência”, esclareceu a especialista da ULSAM.
A sul, o Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) desenvolveu o seu projeto vencedor: “PA_3D Confeção de Produtos de Apoio em 3D”. O recém-criado Núcleo Produtos de Apoio, “para além desta vertente da impressão em 3D e do desenvolvimento de produtos em 3D, também tem outra valência, a da reutilização, que assenta em pressupostos da economia circular e da sustentabilidade, de modo a poder dar resposta mais rápida a nível de internamento, diminuir dias de internamento, diminuir tempos de espera pelos produtos de apoio e diminuir custos, dando resposta a todas as unidades do Centro Hospitalar Universitário do Algarve”, elucidou a terapeuta ocupacional Clarisse Mendes, atualmente coordenadora do Núcleo Produtos de Apoio do CHUA.
A equipa vencedora pretende respostas imediatas, de modo a potenciar os programas de reabilitação e situações clínicas específicas com necessidade de produtos de apoio, melhorando a qualidade de vida dos doentes, potenciando o resultado em todas as áreas de saude e minimizando custos. E é ainda importante “a especificidade do produto considerando a necessidade de cada pessoa”, porque muitas vezes há a necessidade de algo mais específico que não está disponível no mercado, “sendo necessário desenvolver também essas especificidades nos produtos, para dar resposta à situação específica daquele doente”.
De novo a norte, mas em Barcelos, o Hospital Santa Maria Maior contribui com o projeto “Capacitação para automonitorização de utentes sujeitos a terapêutica anticoagulante”, descrito ao HealthNews pelo presidente do Conselho de Administração, Joaquim Barbosa: “O projeto tem essencialmente a vocação de apoiar os utentes e, sobretudo, ir além daquilo que são os modelos tradicionais da prestação de cuidados de saúde – que é a ida do doente ao hospital, a efetivação da consulta, a entrada no gabinete”.
Falávamos de um projeto que permite monitorizar os doentes sujeitos a terapêutica anticoagulante, que “precisam de um seguimento muito rigoroso”, e da atividade do serviço de imunohemoterapia. “Estamos a contribuir para a sua integração nos cuidados, fornecendo-lhes a possibilidade de não saírem de casa e de poderem ser monitorizados através da aplicação e do contacto dos próprios profissionais”, ou seja, com teleconsulta em tempo real, monitorização de indicadores de saúde e o doente a participar no processo de cuidados.
“Num hospital como o nosso, com um edifício muito antigo e problemas de espaço consideráveis, estes modelos permitem melhorar significativamente a vida dos utentes e, ao mesmo tempo, melhorar a qualidade dos serviços prestados”, concluiu Joaquim Barbosa.
No Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, com o “HD SignaL – Plataforma Inteligente de Sinalização de Doentes à Hospitalização Domiciliária”, vai-se contribuir, “através de inteligência artificial e machine learning”, para a “seleção de um maior número de doentes a serem integrados na hospitalização domiciliária – um modelo de cuidados em que os doentes são internados em casa, que é, sem dúvida, o melhor sítio para os tratar”, adiantou Lídia Rodrigues, enfermeira gestora da Unidade de Hospitalização Domiciliária.
Segundo a especialista, a sinalização destes doentes toma tempo aos profissionais que pode ser gasto no cuidar. “Esta plataforma vai ajudar no tempo e no tipo de doentes que vamos conseguir selecionar”, referiu. Ou seja, torna-se possível chegar a mais doentes, “mais facilmente e mais rapidamente”.
“Quem ganha é sempre o doente”, tratado “no conforto da sua família”, sem por isso deixarem de ser garantidos todos os cuidados de saúde, que não podem perder qualidade fora do hospital.
O HealthNews ouviu os vencedores depois da cerimónia de hoje, no edifício sede da Altice Portugal, em Picoas, que juntou também Delfim Rodrigues, da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, Júlio Oliveira, do IPO do Porto, Nelson Pereira, do Centro Hospitalar Universitário de São João, Sónia Dias, da Escola Nacional de Saúde Pública, e Teresa Luciano, do Hospital Garcia de Orta, para o debate “Mais SNS – Mudanças e Transformações na Saúde do Século XXI”.
O Programa Mais Valor em Saúde – Vidas que Valem é uma parceria APAH, Exigo, Gilead Sciences e IASIST, à qual se junta a Altice como parceiro tecnológico.
Nesta segunda edição das bolsas, 14 propostas estiverem em avaliação.
HN/Rita Antunes
0 Comments