Criado primeiro centro integrado de Esclerose Múltipla no país

3 de Dezembro 2022

O primeiro Centro de Responsabilidade Integrado de Esclerose Múltipla do país vai ser inaugurado este domingo no Hospital Santo António dos Capuchos, em Lisboa, permitindo aos doentes ter no mesmo espaço todas as valências para o seu tratamento.

“No mesmo dia, o doente pode fazer o tratamento de Hospital de Dia, ter a consulta médica, enfermagem, farmacêutica e/ou fazer a reabilitação cognitiva, a reabilitação física, a terapia da fala, no mesmo espaço, de uma forma integrada”, disse a agência Lusa o responsável pelo centro, o neurologista Carlos Capela.

“O nosso plano é de alguma forma mimetizar centros de excelência que existem na Europa”, nomeadamente o Centro de esclerose múltipla da Catalunha (Cemcat), que desde 1995 se dedica exclusivamente a esta patologia e aos cuidados destes doentes.

A data de lançamento do Centro de Responsabilidade Integrado (CRI) desta patologia no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (CHULC) foi escolhida com um “propósito simbólico”, o Dia Nacional da Esclerose Múltipla (EM), assinalou o neurologista.

No Hospital dos Capuchos já funcionava o Centro de Tratamento de EM, onde eram seguidos cerca de 1.300 doentes, dos quais cerca de mil em tratamento modificador da doença.

“Esta evolução para um Centro de Responsabilidade Integrado é uma questão também que se põe hoje no SNS [Serviço Nacional de Saúde], porque os CRI são estruturas orgânicas de gestão intermédia que dependem diretamente dos conselhos de administração”, mas têm autonomia funcional para estabelecer um compromisso de desempenho assistencial, económico-financeiro, negociado para um período de três anos.

O especialista explicou que esta estrutura devolve aos profissionais de saúde que lidam com esta doença “autonomia na gestão do quotidiano”, que estava “muito segmentado, muito hierarquizado e muitas vezes o doente e os profissionais de saúde que tratam os doentes não eram auscultados no centro do sistema”.

Por outro lado, adiantou, estes centros também são a resposta do SNS para tentar melhorar os resultados em termos de resposta, de acessibilidade, de capacidade, bem como manter os níveis de produtividade e de satisfação dos profissionais de saúde, fixando-os no Serviço Nacional de Saúde, mas também atrair especialistas que saíram.

“O nosso plano é de alguma forma mimetizar centros de excelência que existem na Europa”, nomeadamente o Centro de Esclerose Múltipla da Catalunha (Cemcat), que desde 1995 se dedica exclusivamente a esta patologia e aos cuidados destes doentes.

O novo espaço vai reunir todas valências para o tratamento destes doentes, que já existiam mas estavam dispersas pelos vários hospitais que integram o CHULC, para dar uma resposta integrada ao doente.

Além disso, salientou, o centro pretende ter “um horário alargado, inclusivamente ao fim de semana, de forma a dar uma resposta a esta população, sobretudo entre os 20 e os 40 anos, que é quando surge a doença”.

“O que nós queremos é que tenham menos impacto no seio laboral, no seio familiar e que a resposta seja flexível de acordo também com a disponibilidade do doente”, sustentou.

Os cerca de 1.300 doentes acompanhados no centro hospitalar são oriundos de várias regiões do país e Carlos Capela espera com esta nova organização “crescer ainda mais como centro”.

“O nosso objetivo também é criar pontes e criar protocolos de colaboração com hospitais mais periféricos, onde os colegas neurologistas são mais generalistas”, de forma a apoiá-los nas suas decisões na parte de orientação do doente, referiu.

A Esclerose Múltipla é uma doença neurológica crónica, inflamatória e degenerativa que afeta múltiplos locais do sistema nervoso central e que surge frequentemente entre os jovens adultos (20-40 anos), sendo mais comum nas mulheres do que os homens (2-3 para 1), e afetando em Portugal entre 6.000 a 8.000 doentes.

LUSA/HN

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