“No mesmo dia, o doente pode fazer o tratamento de Hospital de Dia, ter a consulta médica, enfermagem, farmacêutica e/ou fazer a reabilitação cognitiva, a reabilitação física, a terapia da fala, no mesmo espaço, de uma forma integrada”, disse a agência Lusa o responsável pelo centro, o neurologista Carlos Capela.
“O nosso plano é de alguma forma mimetizar centros de excelência que existem na Europa”, nomeadamente o Centro de esclerose múltipla da Catalunha (Cemcat), que desde 1995 se dedica exclusivamente a esta patologia e aos cuidados destes doentes.
A data de lançamento do Centro de Responsabilidade Integrado (CRI) desta patologia no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (CHULC) foi escolhida com um “propósito simbólico”, o Dia Nacional da Esclerose Múltipla (EM), assinalou o neurologista.
No Hospital dos Capuchos já funcionava o Centro de Tratamento de EM, onde eram seguidos cerca de 1.300 doentes, dos quais cerca de mil em tratamento modificador da doença.
“Esta evolução para um Centro de Responsabilidade Integrado é uma questão também que se põe hoje no SNS [Serviço Nacional de Saúde], porque os CRI são estruturas orgânicas de gestão intermédia que dependem diretamente dos conselhos de administração”, mas têm autonomia funcional para estabelecer um compromisso de desempenho assistencial, económico-financeiro, negociado para um período de três anos.
O especialista explicou que esta estrutura devolve aos profissionais de saúde que lidam com esta doença “autonomia na gestão do quotidiano”, que estava “muito segmentado, muito hierarquizado e muitas vezes o doente e os profissionais de saúde que tratam os doentes não eram auscultados no centro do sistema”.
Por outro lado, adiantou, estes centros também são a resposta do SNS para tentar melhorar os resultados em termos de resposta, de acessibilidade, de capacidade, bem como manter os níveis de produtividade e de satisfação dos profissionais de saúde, fixando-os no Serviço Nacional de Saúde, mas também atrair especialistas que saíram.
“O nosso plano é de alguma forma mimetizar centros de excelência que existem na Europa”, nomeadamente o Centro de Esclerose Múltipla da Catalunha (Cemcat), que desde 1995 se dedica exclusivamente a esta patologia e aos cuidados destes doentes.
O novo espaço vai reunir todas valências para o tratamento destes doentes, que já existiam mas estavam dispersas pelos vários hospitais que integram o CHULC, para dar uma resposta integrada ao doente.
Além disso, salientou, o centro pretende ter “um horário alargado, inclusivamente ao fim de semana, de forma a dar uma resposta a esta população, sobretudo entre os 20 e os 40 anos, que é quando surge a doença”.
“O que nós queremos é que tenham menos impacto no seio laboral, no seio familiar e que a resposta seja flexível de acordo também com a disponibilidade do doente”, sustentou.
Os cerca de 1.300 doentes acompanhados no centro hospitalar são oriundos de várias regiões do país e Carlos Capela espera com esta nova organização “crescer ainda mais como centro”.
“O nosso objetivo também é criar pontes e criar protocolos de colaboração com hospitais mais periféricos, onde os colegas neurologistas são mais generalistas”, de forma a apoiá-los nas suas decisões na parte de orientação do doente, referiu.
A Esclerose Múltipla é uma doença neurológica crónica, inflamatória e degenerativa que afeta múltiplos locais do sistema nervoso central e que surge frequentemente entre os jovens adultos (20-40 anos), sendo mais comum nas mulheres do que os homens (2-3 para 1), e afetando em Portugal entre 6.000 a 8.000 doentes.
LUSA/HN
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