As autoridades do território anunciaram na sexta-feira o alívio gradual das medidas de prevenção da covid-19.
Macau, que registou desde o início da pandemia seis mortes e mais de três mil casos da doença, tem seguido, à semelhança do interior da China, a política chinesa de ‘zero covid’, apostando em testagens em massa, confinamentos de zonas de risco e quarentenas de cinco dias para quem chega ao território, com exceção de quem vem da China continental.
“Segundo a avaliação do Governo, o número de pessoas infetadas em Macau pode atingir metade ou 80%, por isso, é necessário ajustar e controlar, de forma ordenada, a situação, de modo a não surgir um ‘boom’ epidémico, disse a deputada Ella Lei Cheng I, questionando o Governo de Ho Iat Seng sobre planos para a nova fase.
A deputada da Federação das Associações dos Operários de Macau lembrou ainda que a taxa de vacinação em Macau é “superior a 90%”, mas muitos idosos e crianças ainda não foram vacinados.
“Há que reforçar a promoção e proporcionar facilidades para promover a vacinação dos residentes”, sugeriu.
Por outro lado, o representante Leong Sun Iok mostrou-se preocupado com o impacto da “abertura gradual” nos direitos laborais dos trabalhadores do território.
“Com a implementação das novas medidas, prevê-se um aumento significativo do número de trabalhadores infetados. Pessoalmente, preocupam-me as garantias do direito ao trabalho e o impacto sobre os rendimentos dos trabalhadores”, disse.
Lembrando que em Macau “a capacidade do sistema de saúde é limitada”, o deputado e empresário Zheng Anting antecipou que com um “surto epidémico de grande escala, é possível que ocorram situações imprevisíveis quando os doentes ficam em casa”.
A nova fase anunciada pelo Governo permite a adoção de quarentena domiciliária para contactos próximos de pessoas infetadas com covid-19.
Até agora, as quarentenas tinham de ser cumpridas num hotel designado pelas autoridades ou numa instituição de saúde do território.
“Alguns idosos afirmaram que vivem sozinhos e como já têm uma certa idade, é provável que necessitem de um longo período de tempo para recuperar mesmo que os sintomas sejam ligeiros, por isso, estão preocupados com a eventual falta de cuidados domiciliários e esperam que o Governo reforce os apoios”, concretizou Zheng Anting.
Já o deputado José Pereira Coutinho lamentou que, apesar das autoridades terem anunciado um relaxamento da política para a pandemia, “em contraste e incompreensivelmente estão a agravar” as medidas.
“Mais escandaloso é a contradição entre o relaxamento e o facto de nestes últimos dois dias terem sido agravadas as medidas de controlo sanitário quer na entrada e saída das pessoas na maioria dos casinos, estabelecimentos hoteleiros, restaurantes, transportes públicos”, referiu, acusando o executivo de implementar as restrições sem se preocupar “em justificar perante a população a base científica das decisões”.
LUSA/HN
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