“Não há dinheiro? Há e não é pouco. Se há 55% do Orçamento do Estado destinado à Saúde que está desde já encaminhado para os grupos económicos do negócio da doença, como é que não há dinheiro?”, questionou Paulo Raimundo, quando discursava em Braga, no jantar de fim de ano, perante cerca de três centenas de apoiantes.
O secretário-geral dos comunistas afirmou que “não vale a pena andarem a derramar lágrimas de crocodilo”, salientando que “o que é preciso e urgente, é a valorização dos profissionais de saúde”.
“Com direitos, carreira, formação, reconhecimento e respeito. Criar condições também materiais para a sua dedicação exclusiva à causa pública do Serviço Nacional de Saúde. É por aqui que temos de ir, garantir médico de família a mais de um milhão de pessoas que ainda não o têm, estancar a sangria de recursos humanos e técnicos do Serviço Nacional de Saúde para a saúde privada”, defendeu Paulo Raimundo.
O líder comunista frisou que na saúde “todos os dias há problemas, novos ataques e justificações para novos golpes”, dando o exemplo do que se passa no distrito de Braga neste setor.
“Aqui [distrito de Braga] estamos confrontados com a ameaça de encerramento da maternidade de Famalicão, com a necessidade de novas instalações para o Hospital de Barcelos, centros de saúde fechados, como é o caso de Belinho, em Esposende, ou o urgente reforço de meios e ampliação das instalações do Hospital de Braga”, descreveu Paulo Raimundo.
Outro dos pontos abordado pelo dirigente comunista no seu discurso foi “o facto” de os portugueses pagarem e os lucros aumentarem.
“E o que fazer perante o facto: nós a pagar e os lucros a aumentar. 18,4 % de inflação nos bens alimentares, acrescente-se as margens de lucros sempre a crescer e veja-se o resultado final, preço do cabaz alimentar com uma subida extraordinária e os lucros da distribuição como há muito não se viam; podíamos estender a afirmação à luz, ao gás, à habitação, e por aí fora”, destacou o secretário-geral do PCP.
Nesse sentido, Paulo Raimundo defendeu “que se avance para o controlo de preços de bens alimentares, para o IVA a 6% na eletricidade, no gás e em todos os alimentos e IVA a 13% nas telecomunicações”.
“É ou não justo que o aumento do custo de vida não pese tanto sobre quem menos tem e quem vive do trabalho? Não é só justo como é urgente”, sustentou o líder comunista.
Paulo Raimundo defendeu também a aplicação de uma taxa de 35% a empresas de vários setores.
“E nós a trabalhar, a sermos empurrados para a pobreza e um punhado a encher-se como se não houvesse amanhã. É justo? Para cada um de nós os sacrifícios, enquanto uns poucos se abotoam e aproveitam isto tudo. E taxar os lucros dos grupos económicos, na energia, na distribuição, mas também na banca e nos seguros, com uma taxa de 35%? Isso sim era de valor, isso sim permitia dar combate à gritante desigualdade que vivemos”, defendeu o secretário-geral do PCP.
O líder comunista afirmou ainda que “há mais de dois milhões de pessoas em situação de pobreza, 388 mil das quais crianças e 700 mil trabalham todos os dias e mesmo assim não conseguem sair dessa situação”.
“O que é isto? É isto uma sociedade moderna e avançada? É que dois milhões correspondem a mais de 20% da sociedade, 388 mil crianças são uma em cada quatro, 700 mil trabalhadores são perto de 18% de todos os trabalhadores, é este o presente e o futuro que têm para nos oferecer? Aumentem-se os salários, as reformas, as pensões e os apoios sociais. Fixe-se o salário mínimo em 850 euros, aumentem-se as pensões em 8% no mínimo de 50 euros, acabe-se com as injustiças e as desigualdades. Isto sim são opções de futuro”, vincou Raimundo.
NR/HN/LUSA
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