“Já existe um número entre os 120 e 150 doentes que estão à espera, mas não estão à nossa espera. Nós é que estamos à espera de perceber o que é que querem fazer para podermos agendar estes doentes”, afirmou, em declarações à Lusa, o administrador da Isopor Açores, Luís Metello.
Na terça-feira, a empresa, com quem o Governo Regional dos Açores tem uma convenção para a realização de exames de medicina nuclear, tinha já pedido “escusa de responsabilidade por tudo o que se relacionar com quaisquer atrasos de fornecimento dos serviços e cuidados de saúde”, incluindo os “serviços de resposta em urgência”.
Questionada pela Lusa, sobre a possibilidade de os exames serem suspensos, a administração do Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira (HSEIT), onde está instalada a unidade de medicina nuclear, não quis prestar declarações, mas disse “não ter conhecimento de qualquer constrangimento com os utentes”.
Segundo Luís Metello, “o serviço tem estado a funcionar com poucos doentes e não tem estado a dar resposta a um número importante de doentes, particularmente do grupo central” [Terceira, São Jorge, Pico, Faial e Graciosa].
A Isopor reivindica do Governo Regional a atualização dos valores pagos pelos exames realizados, mas também a atualização de procedimentos, como o alargamento dos exames convencionados ou a autorização de requerimentos de exames por médicos de centros de saúde.
O administrador alegou que o facto de a empresa ter de importar radioisótopos “obriga a uma logística complexa, que normalmente é resolvida com cerca de 10 a 15 dias de antecedência, para a maior parte dos produtos”, e disse estar “à espera de perceber o que vai acontecer” para fazer uma nova encomenda.
“Já estamos a acabar [os materiais] e neste momento não é previsível quando vamos receber. Não está encomendado. Estou à espera de resolver as situações e de perceber um bocadinho melhor o que de facto podemos esperar dos próximos tempos para poder organizar a logística em função disso”, afirmou.
O administrador da Isopor admitiu, no entanto, estar confiante de que o diferendo com o executivo açoriano se resolva em breve, tendo já uma reunião agendada.
“Estamos convencidos de que o bom senso imperará e que haverá formas de encontrarmos uma solução”, avançou.
Questionado pela Lusa, o secretário regional da Saúde e Desporto, Clélio Meneses, disse estar disponível para rever a tabela de preços convencionados, mas rejeitou que tenha havido falta de diálogo da tutela e lembrou que o executivo (PSD/CDS-PP/PPM) regularizou a dívida deixada pelo anterior governo (PS).
“Poderemos avaliar a possibilidade de alterar alguns dos valores, porque os problemas que a Isopor colocou já estão resolvidos. Em maio de 2021, foram pagos cerca de 96 mil euros em dívida por este governo”, vincou.
Clélio Meneses salientou que já teve “pelo menos duas reuniões formais” com a administração da Isopor e que, em agosto de 2021, enviou uma proposta de atualização dos valores da convenção, mas não obteve resposta.
O governante revelou ainda que manifestou disponibilidade para reunir com a administração da Isopor no dia 27 de dezembro e que hoje mesmo tentou antecipar essa reunião para quarta-feira.
“Na quinta-feira foi informada a Isopor da data da reunião para podermos reunir e falar, no dia seguinte a Isopor faz sair um comunicado voltando a dizer que não há comunicação por parte da tutela. É preciso percebermos quais são as reais intenções que estão por detrás de todo este processo público que tem sido levado a cabo”, apontou.
Questionado sobre a possibilidade de os exames serem suspensos, Clélio Meneses lembrou que os utentes da ilha de São Miguel já fazem exames em Lisboa, mas mostrou-se confiante na resolução do problema.
“Estamos a trabalhar no sentido de perceber se é possível que se continuem a prestar estes serviços na região”, avançou.
Desde 2016, a Isopor realizou cerca de 4.000 exames de medicina nuclear nos Açores.
Em causa estão exames de diagnóstico de patologias e do seu estado, mais de metade relacionados com doenças oncológicas, mas também com doenças cardiovasculares, pulmonares ou do foro neurológico, entre outras.
LUSA/HN
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