“Perante as notícias vindas a público, em diversos órgãos de comunicação social, acerca do perigo de rutura do Hospital das Forças Armadas (HFAR), em ambos os polos de Lisboa e Porto, a ANS – Associação Nacional de Sargentos não pode deixar de afirmar a sua maior preocupação”, lê-se numa nota enviada à imprensa.
Esta associação reagia às informações avançadas pelo Diário de Notícias e o Correio da Manhã, e às quais a Lusa teve acesso, de que o Hospital das Forças Armadas (HFAR) – com polos em Lisboa e Porto – pode incorrer numa situação crítica “se não for autorizada a contratação de prestação de serviços na modalidade de avença” para o próximo ano de 222 profissionais “que representam cerca de 15% do universo de 1.400 trabalhadores do HFAR”.
“A saúde militar não é um privilégio que se concede aos militares, não. A saúde militar é uma exigência para a operacionalidade das Forças Armadas na resposta à sua missão constitucional de servir o povo português, assegurar a defesa militar da República e salvaguardar a sua soberania e independência nacional”, defendem na nota.
Perante a situação revelada, a Associação Nacional de Sargentos defende que é imperativo “defender a saúde militar e lutar para que se resolva, urgentemente, a situação crítica em que se encontra o Hospital das Forças Armadas”.
“É também por estas e por muitas outras que a atratividade das Forças Armadas é a que se conhece. Não perceber estes fatores e englobar esta exigência no estafado discurso das “contas certas” é uma enorme irresponsabilidade e falta de sentido de Estado”, acusam.
Questionado pela agência Lusa, o Ministério da Defesa Nacional respondeu que “os contratos relativos aos processos do pessoal médico e de enfermagem foram já autorizados” e acrescenta que “está a envidar todos os esforços junto das outras áreas governativas competentes, em articulação com a direção do HFAR e o Estado-Maior-General das Forças Armadas, com vista à autorização dos restantes processos”.
De acordo com um documento que terá sido enviado ao ministério e no qual é feito um ponto de situação, caso estas contratações não sejam autorizadas, as consequências a partir de janeiro de 2023 incluem “o encerramento de 68 camas de internamento (44 em Lisboa e 24 no Porto), incluindo diminuição substancial da capacidade nos cuidados intensivos, por não se garantirem as escalas e a segurança mínima dos trabalhadores auxiliares de ação médica, com impacto direto nas atividades das enfermarias e no cancelamento das cirurgias planeadas”.
Poderá ainda haver uma diminuição de diversas consultas de especialidade, médicas e cirúrgicas, “estimada em cerca de 20 mil consultas por ano”, menos 200 cirurgias por ano ou o “encerramento do funcionamento do serviço de urgência, por não existir capacidade de garantir as escalas dos médicos, de enfermagem e de auxiliares de ação médica”.
Em causa está uma previsível “diminuição em 50% de toda a atividade da área administrativa do HFAR” por falta de assistentes técnicos, o que poderá levar ao “encerramento de serviços clínicos e incremento da lista de espera dos doentes por falta de capacidade na execução de todos os atos administrativos relativos aos utentes”.
As consequências podem atingir vários serviços incluindo os de lavandaria, alimentação ou a “manutenção das áreas de eletricidade, de canalização, de carpintaria e de equipamentos não clínicos” que, entre outros riscos, pode afetar o “sistema de fornecimento e distribuição de água para hemodialise”.
LUSA/HN
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