A entidade sediada em Washington, capital dos Estados Unidos, recomendou, em comunicado, que se avance com “um processo nacional de diálogo e reconciliação desde o mais alto nível do Estado, com o objetivo de neutralizar tensões latentes e hostilidades na sociedade boliviana”.
Nas últimas duas semanas, a Bolívia registou manifestações e bloqueios de estradas, levados a cabo por setores sociais que exigem a realização das eleições legislativas em 06 de setembro, data aprovada pelo Parlamento, antes de o organismo eleitoral do país ter adiado o sufrágio para 18 de outubro, com o argumento da emergência sanitária devido à pandemia de covid-19.
A vaga mais recente de protestos e de bloqueios de estradas aconteceu na segunda-feira, principalmente nas cidades de El Alto, a três quilómetros da capital legislativa da Bolívia, La Paz, e de Cochabamba.
A CIDH mostrou-se “extremamente preocupada” com os bloqueios, já que a distribuição de alimentos e de medicamentos foi impedida por explosões de dinamite e até incêndios.
O organismo pan-americano reconheceu ter havido “alguns atos de violência” nos protestos, mas destacou que a Central Operária Boliviana, uma das entidades responsáveis pelos bloqueios de estradas, pediu a passagem de ambulâncias, de medicamentos e de oxigénio.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos pediu ao Governo da Bolívia para agir de maneira proporcional contra quem comete atos violentos numa manifestação.
Já a ministra das Relações Exteriores, Karen Longaric, pediu à CIDH “objetividade e imparcialidade” face aos protestos que disse terem a autoria do Movimento pelo Socialismo (MAS), do ex-presidente boliviano Evo Morales, exilado na Argentina.
“A CIDH não pode ser porta-voz de Evo Morales e seus apoiantes. O viés ideológico da CIDH não ajuda a terminar a violência na Bolívia. Apenas desacredita aquela importante instituição”, realçou em videoconferência perante o Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Ministra desde 13 de novembro de 2019, Karen Longaric acusou ainda Morales e o MAS de “ações violentas e desumanas”, pelos bloqueios que afetam os hospitais, e prometeu que o Governo vai usar “todos os meios legais à sua disposição” para proteger a população.
Presidente da Bolívia entre 2006 e 2019, Evo Morales deixou o país em novembro, sob o argumento de que teria sido alvo de um golpe, num contexto de protestos e denúncias de fraude nas eleições de outubro de 2019.
Jeanine Áñez, então senadora da oposição, assumiu a presidência interina do país e é acusada pelos manifestantes de se agarrar ao poder.
As eleições legislativas estavam marcadas para 03 de maio, mas foram adiadas primeiro para setembro e agora para outubro, com a justificação dos efeitos da pandemia de covid-19.
A Bolívia, país com 11,5 milhões de habitantes, registou, até agora, pouco mais de 86 mil casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus e 3.465 mortes, segundo dados divulgados pela Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, nos Estados Unidos.
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