Mães em Macau podem amamentar mediante registo e 10 horas após parto

12 de Janeiro 2023

As autoridades de Saúde de Macau anunciaram esta quinta-feira que as mulheres que quiserem amamentar no hospital público podem fazê-lo dez horas após o parto e mediante registo, alterando a política de amamentação em tempos de surto.

“O profissional de saúde efetua o registo das grávidas que pretendem amamentar” e, “decorridas dez horas após o parto normal”, as mães “com pressão arterial normal e saúde mental estável são organizadas em grupo pelo profissional de saúde para a unidade de neonatologia para efeitos de amamentação”, durante o internamento no Centro Hospitalar Conde São Januário (CHCSJ), indicaram os Serviços de Saúde, num comunicado em língua portuguesa.

Macau cancelou recentemente as medidas de prevenção e controlo da covid-19 e está a viver o maior surto desde o início da pandemia.

“A fim de responder eficazmente à situação epidémica”, as mães, que são mantidas separadas dos filhos, tiravam leite e o “recém-nascido era alimentado por uma enfermeira especializada”, acrescentou o comunicado.

A permissão da amamentação direta surgiu depois de Ana Jael Tavares, portuguesa a viver em Macau, denunciar ter sido impedida de ver a filha nas primeiras 30 horas após o parto.

À Lusa, a mãe de 41 anos disse que só teve acesso a informações básicas, como o peso da bebé, quando o marido se deslocou ao andar onde se encontram os recém-nascidos para questionar os funcionários.

Depois de muita insistência para ver a criança, a portuguesa foi levada “para um cantinho do corredor da neonatologia que é onde estão neste momento todos os bebés, com ou sem problemas”.

“Mesmo quando me deixaram vê-la e pedi para amamentar fizeram uma pressão terrível para não amamentar. Eu estava numa ala que está resguardada, à qual só têm acesso médicos e enfermeiros. Uma pediatra e uma enfermeira estiveram ali imenso tempo para eu não amamentar”, salientou Ana, notando a “violência tremenda” da separação a que esteve sujeita.

Não ter amamentado durante as primeiras 30 horas significa também que a recém-nascida foi alimentada sem permissão dos pais com leite em pó: “Ninguém me pediu absolutamente nada”, reforçou Ana Jael Tavares.

Na sequência deste caso, a Associação Promotora de Aleitamento e Cuidados Infantis de Macau (APACIM) expressou preocupação com a separação à nascença de mães e bebés no único hospital público do território.

“É difícil de acreditar”, reagiu à Lusa a presidente da APACIM, que se mostrou “bastante surpreendida com a notícia”.

Virginia Tam realçou que, mesmo que a mãe tenha covid-19 – o que não era o caso de Ana Jael Tavares – a medida “não está em conformidade com as diretrizes da Organização Mundial de Saúde [OMS]” no que diz respeito à amamentação.

“Desde o início [da pandemia], o requisito é que as mães fiquem com o bebé e cumpram os requisitos de higiene, como o uso de máscara, a lavagem frequente de mãos, mas a preferência é que a mãe e o bebé sejam mantidos juntos”, realçou a responsável, notando ainda “os benefícios do contacto pele com pele” entre mãe e filhos logo após o nascimento para, entre outros, facilitar a amamentação.

No mesmo comunicado, os Serviços de Saúde acrescentaram que “a política de promoção do aleitamento materno e criação de um ambiente mais favorável para a amamentação mantém-se inalterada”.

O CHCSJ “ajustará dinamicamente o uso de camas hospitalares de acordo com a situação real e esforçar-se-á para reiniciar a organização de amamentação” num quarto conjunto com mãe e bebé o “mais rápido possível”.

LUSA/HN

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