“Nós morremos se não a tivermos junto de nós, porque faz parte do nosso quotidiano. O quotidiano da saúde sem a doutora Graça de Freitas é como a comida sem sal”, considerou Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentando: “Eu comecei por ser hipotenso e tendo a ser hipertenso, gosto de sal na comida, pode ser um pouco suicida, mas gosto”.
O chefe de Estado falava no encerramento de uma sessão comemorativa dos 30 anos do Infarmed – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, em que Graça Freitas foi homenageada, num “breve improviso” durante o seu discurso, para se associar a essa homenagem, que considerou “justíssima”.
“Com a doutora Graça de Freitas eu mantive ao longo de dois anos dos mais interessantes momentos de polémica sanitária da minha vida, nomeadamente sobre as máscaras, em que me tornei especialista, e sobre os testes”, declarou o Presidente da República, referindo-se a divergências que tiveram sobre medidas de combate à Covid-19.
Perante risos na assistência, prosseguiu: “E como ela tinha aquela tarefa imensa e ingrata de comentar todos os dias o que se passava no domínio da pandemia em Portugal, era impossível, sabendo como sabem também que eu gosto de falar, não direi todos os dias, mas sempre que posso, era impossível não haver um confronto de opiniões altamente estimulante”.
“Não sei se a ciência da saúde lucrou muito com esse debate, mas tenho a certeza de que os portugueses se sentiram participantes de um projeto coletivo, ouvindo a doutora Graça de Freitas e acompanhando os apontamentos e as sugestões do Presidente da República”, acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa.
Depois, o Presidente da República anunciou que iria receber em seguida a diretora-geral cessante da Saúde no Palácio de Belém, que lhe “tinha solicitado uma audiência para se despedir”, e que nessa audiência a esperava “uma pequena surpresa”.
“Se quiserem, tiverem disponibilidade, estiverem para prescindir dos vossos almoços e quiserem ir até ao Palácio de Belém, estão convidadas e convidados, porque assim em vez de ser uma surpresa solitária, é uma surpresa solidária”, convidou, tornando pública esta iniciativa que não fazia parte da sua agenda divulgada à comunicação social.
Em dezembro, foi noticiado que Graça Freitas iria deixar a chefia da Direção-Geral da Saúde, a seu pedido, tendo manifestado a vontade junto da tutela de não renovar a nomeação terminado o mandato atual, no fim de 2022.
A designação do futuro titular do cargo de diretor-geral da Saúde seguirá a tramitação legal, em obediência às regras de recrutamento, seleção e provimento dos cargos de direção superior da Administração Pública, referiu na altura o Ministério da Saúde.
Especialista em Saúde Pública, Graça Freitas assumiu o cargo de diretora-geral da Saúde em 01 de janeiro de 2018, substituindo o médico Francisco George, que deixou o cargo por ter atingido o limite de idade.
Antes, Graça Freitas já desempenhava as funções de subdiretora-geral da Saúde e coordenou o Programa Nacional de Vacinação.
Perante a pandemia de Covid-19, a diretora-geral da Saúde foi um dos principais rostos do combate à propagação desta doença em Portugal.
O Infarmed serviu de palco a reuniões regulares com especialistas de vários ramos da saúde e responsáveis políticos sobre a evolução da Covid-19 em Portugal.
LUSA/HN
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