As necessidades urgentes de ajuda humanitária e os prisioneiros de guerra estarão “no centro” da visita de dois dias de Mirjana Spoljaric à capital russa, que se segue à missão que efetuou na Ucrânia em dezembro, indicou o CICV num comunicado.
Em Moscovo, a presidente da Cruz Vermelha Internacional, que assumiu o cargo em outubro de 2022, vai “discutir questões humanitárias urgentes com representantes do Governo e da Cruz Vermelha russa”.
Na Ucrânia, Spoljaric conseguiu reunir-se com responsáveis governamentais, representantes da Cruz Vermelha ucraniana e associações de famílias de prisioneiros de guerra, bem como com membros de comunidades afetadas pela guerra na Ucrânia, que a Rússia invadiu a 24 de fevereiro do ano passado.
“Uma das prioridades absolutas da presidente é fazer com que os prisioneiros de guerra dos dois lados possam receber visitas regulares do CICV e que sejam tratados com humanidade, em conformidade com o direito internacional humanitário”, indicou a organização.
As visitas aos prisioneiros de guerra são uma das missões fundamentais do CICV, e o acesso é-lhes habitualmente garantido pelas Convenções de Genebra.
O CICV já visitou prisioneiros de guerra de ambas as partes em conflito, mas solicita “com toda a urgência acesso regular e sem entraves a todos eles, onde quer que estejam detidos”.
Tais visitas permitem às equipas da Cruz Vermelha Internacional verificar as condições de encarceramento e o tratamento dado aos prisioneiros e fornecer-lhes sobretudo cobertores, roupas quentes, produtos de higiene pessoal e livros, além de depois transmitirem notícias deles às respetivas famílias.
Nos últimos meses, o CICV foi criticado pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, por não estar a fazer o suficiente.
Respondendo indiretamente a essas críticas, Mirjana Spoljaric salientou, em meados de dezembro, à imprensa em Genebra, a dificuldade da tarefa e o perigo que as suas equipas corriam para visitar os prisioneiros.
O CICV indicou também estar disponível para desempenhar o papel de intermediário neutro em trocas de prisioneiros e para qualquer outra iniciativa humanitária, a pedido das partes em conflito.
No decurso da sua visita, a presidente da Cruz Vermelha Internacional abordará igualmente outros pontos do globo que levantam preocupações humanitárias, como o Afeganistão, a Etiópia, a Síria e a região do Sahel, precisa-se no comunicado.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas – 6,5 milhões de deslocados internos e quase oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 329.º dia, 7.031 civis mortos e 11.327 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
LUSA/HN
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