Através de uma nota de imprensa hoje divulgada, a Fundação Champalimaud salientou que “esta investigação poderá ter implicações não só em termos da compreensão das bases neurais das perturbações motoras humanas, mas também para a construção de robôs capazes de se deslocar melhor em ambientes imprevisíveis.”
Para estudar a locomoção das moscas, a equipa desenvolveu um set up experimental que as coloca num ambiente de realidade virtual no qual podem deslocar-se livremente.
Com a ajuda do novo financiamento, um dos objectivos da equipa é perceber, ao nível neuronal, de onde vem a capacidade de estimar o desvio do corpo.
A equipa quer também perceber como a mosca decide, com base na estimativa de erro feita pelo seu cérebro, corrigir esse erro virando o corpo de uma determinada maneira.
De acordo com Eugenia Chiappe, investigadora principal do Laboratório de Integração Sensório-Motora da Fundação Champalimaud, foi descoberto “que certas populações de neurónios, que recebem sinais da medula espinal do inseto, são cruciais para esse processo de tomada de decisão. Isto porque, quando são silenciados [com métodos genéticos], a relação entre o erro de desvio e a magnitude e direção da sacada seguinte da mosca desaparece”.
Os investigadores têm portanto um segundo objetivo: perceber – mais uma vez ao nível neural – como a mosca, depois de integrar a informação fornecida pelo cérebro sobre o desvio de trajetória, toma uma decisão que incide sobre a sua próxima viragem de forma a corrigir esse erro.
“Sabemos muito pouco sobre a forma como os organismos integram a informação proprioceptiva (a propriocepção é a perceção da posição das diversas partes do corpo), a informação visual e a informação vinda de outros sinais internos que têm a ver com a locomoção”, diz Chiappe.
O projeto recebeu financiamento do ERC Consolidator Grant.
PR/HN/VC
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