Pizarro admite possibilidade de outros hospitais custearem IVG de quem recorreu ao privado

17 de Fevereiro 2023

O ministro da Saúde admitiu hoje a possibilidade de outros hospitais seguirem o exemplo do Santa Maria, em Lisboa, que vai custear o procedimento de Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) de uma mulher que teve de recorrer ao privado.

Salvaguardando sempre que em causa devem estar “casos pontuais”, Manuel Pizarro voltou hoje a elogiar a decisão do Hospital de Santa Maria e disse que pode ser que este exemplo “frutifique”.

“Não tenho nenhuma dúvida de que se as senhoras que enfrentaram situações similares recorrerem aos hospitais usando este exemplo que pode ser que este exemplo frutifique junto das outras unidades públicas. Mas devemos estar a falar de casos pontuais”, disse Manuel Pizarro.

O governante disse que está “preocupado com cada caso em que isto [acesso à IVG e custos associados acautelados] não acontece”, voltando a elogiar o Santa Maria.

“O Hospital de Santa Maria reagiu muito bem. Cometemos um erro e temos obrigação de corrigir o erro”, disse.

Em Matosinhos, onde visitou a Unidade de Saúde Local para conhecer os projetos dos centros de saúde de Perafita e de São Mamede de Infesta, o ministro da saúde foi interpretado pelos jornalistas para falar sobre os casos denunciados no fim de semana de hospitais públicos que recusam fazer IVG nos prazos legais, tendo garantido que a situação está a ser resolvida.

“Estou concentrado em resolver estruturalmente o problema. As mulheres portuguesas têm que ter direito nos termos da lei ao acesso à IVG nos hospitais públicos. Isso tem de ser garantido”, disse.

Manuel Pizarro disse que “está a ser feito um levantamento de todas as situações em que esse acesso não está garantido” para serem tomadas “as medidas necessárias para tornar o acesso garantido”.

“Não é uma medida que vai demorar meses, vai demorar semanas”, salientou.

Questionado se terá de recorrer aos privados, Pizarro disse que deseja que a resposta seja no público, mas admite que “transitoriamente terá de ser no setor privado”.

Manuel Pizarro procurou sublinhar que “a realidade global do acesso [à IVG] é garantido”, apontando que as mulheres esperam 6,4 dias e fazem a IVG às sete semanas, algo que, frisou, “compara muito bem no plano internacional”.

“E mais de 90% das mulheres são orientadas para consulta anticoncecional”, concluiu.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Prioridades para a Saúde nas Legislativas 2025: Propostas de Pedro Pita Barros

Pedro Pita Barros, especialista em economia da saúde e professor da Nova School of Business and Economics (Nova SBE), propõe para as legislativas de 18 de maio um reforço do SNS, valorização dos profissionais, aposta nos cuidados primários e continuados, redução dos pagamentos diretos das famílias, estabilidade na gestão das ULS e consensos na saúde oral e mental, destacando a necessidade de medidas concretas e transversais

Carlos Cortes: Prioridades da Ordem dos Médicos para o XXV Governo

Carlos Cortes, Bastonário da Ordem dos Médicos, defende que o próximo Governo deve apostar na valorização dos recursos humanos, na reforma da gestão do SNS e na centralidade da pessoa nos cuidados de saúde. Propõe políticas de retenção de médicos, autonomia de gestão e humanização transversal do sistema.

Prioridades para a Saúde: Propostas de Fernando Leal da Costa para o XXV Governo Constitucional

Fernando Leal da Costa, Professor Universitário e ex-ministro da Saúde, defende como prioridades para o próximo Governo: revisão da Lei de Bases da Saúde e do Estatuto do SNS, reforma administrativa, reforço da gestão local, digitalização dos processos clínicos, controlo estatal da ADSE, redefinição dos recursos humanos, avaliação da eficiência, renovação hospitalar e aposta na prevenção.

Legislativas / Propostas dos partidos para a Saúde

Com a saúde como tema prioritário nos programas eleitorais, os partidos com assento parlamentar focam-se no aumento da remuneração dos profissionais, com a esquerda a ir mais longe para fixar médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Os programas eleitorais divergem sobretudo em matéria de parcerias público-privadas (PPP’s) em que os partidos mais à esquerda querem o fim destes contratos com privados enquanto a direita defende a sua eficácia.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights