Em causa, explicou Minata Samaté Cessouma, está o facto de muitos países terem “problemas específicos” que devem ter “respostas específicas”, envolvendo mais os países que acolhem os refugiados na procura de soluções.
“Há países, não estou a citar nomes, que perseguem refugiados” e “não é tranquilo ficar no país para onde fugiram”, reconheceu a comissária em resposta à Lusa, falando à margem da 36.ª cimeira da União Africana (UA), que decorre na capital etíope.
“Quando há paz, estas pessoas regressam a casa”, mas e “quando não há?” – questionou.
“Todos os países podem ser vítimas de um ataque terrorista e, aí, temos de acompanhar estes países, temos de os ajudar”, advogou.
Em muitos casos, porque as organizações não-governamentais ou os programas de apoio internacional não têm verbas suficientes ou a atenção internacional está noutros locais (como agora acontece com a invasão da Ucrânia), os campos de refugiados tornam-se um novo problema, que funcionam à margem do país onde está localizado.
O objetivo da nova agência que está a ser criada pela União Africana é dizer aos Estados-membros: “As pessoas estão em dificuldades e não devemos utilizar estas dificuldades para nos enriquecermos”.
Muitos acabam por fugir dos campos de acolhimento para tentar regressar às suas casas “porque já não água ou comida” e são vistos como “estranhos” nos países de acolhimento, reconheceu.
Na sua intervenção, Minata Samaté Cessouma também se mostrou preocupada com o aumento dos medicamentos contrafeitos no continente, “uma cobra maliciosa, muito viciosa, uma serpente difícil de apanhar” pelas autoridades.
Isso só será possível resolver com o reforço da fiscalização das farmácias, considerou a comissária, com origem no Burkina Faso, um país que foi alvo de um golpe de Estado ainda antes da sua eleição para o cargo.
A diplomata que tutela a área da saúde salientou que o combate à pandemia de covid-19 qualificou muitas instituições e aumentou a capacidade de fiscalização na produção de medicamentos.
Apesar disso, o continente continua a ser deficitário na produção de medicamentos, em particular vacinas. “Já existem empresas que produzem, mas é uma questão de dinheiro, e muito dinheiro” que o continente tem dificuldade em acompanhar, apontou.
Na área da saúde, “há espaço para todos, para os países grandes e para os países pequenos”, mas “há certas doenças em que os medicamentos são excessivamente caros”, concluiu.
NR/HN/LUSA
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