Em declarações à agência Lusa, o secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha, disse que esta informação foi veiculada pela direção clínica na passada sexta-feira, na sequência da saída de seis pediatras, cinco dos quais para o setor privado e outro para o Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, não sendo assim possível garantir as escalas de urgência.
“E, portanto, lamentamos que a informação que é veiculada ao senhor ministro não seja a real, já que estes factos são perfeitamente comprovados junto de qualquer médico do hospital Beatriz Ângelo [em Loures]”, salientou Roque da Cunha.
O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, rejeitou esta segunda-feira o eventual fecho noturno das urgências pediátricas dos hospitais de Loures e do Barreiro Montijo (Setúbal), enquadrando essas situações no trabalho em curso para criar um novo modelo de urgências.
“Sempre que as coisas não estão a funcionar como devem, eu fico preocupado com esse facto. Devo dizer que, no caso concreto da região de Lisboa, isso tem de ser tratado no contexto da organização das urgências metropolitanas, porque foi isso que nós fizemos noutras regiões do país”, afirmou o ministro Manuel Pizarro em Alcácer do Sal, no distrito de Setúbal, no arranque da iniciativa Saúde Aberta pelos concelhos do litoral alentejano.
Para o secretário-geral do SIM, “não é a encerrar serviços que se reorganizam os serviços de urgência, nomeadamente os de pediatria”.
Defendeu, a este propósito, que a experiência que está a ocorrer nos serviços de obstetrícia e ginecologia “não deve ser repetida”: “Aliás, não deve continuar a ocorrer, já que o que é fundamental é que haja mais médicos no Serviço Nacional de Saúde e não condições para que todos os dias, todos os meses, saiam médicos do Serviço Nacional de Saúde, como agora está a ocorrer em relação a estes pediatras”.
Roque da Cunha assinalou ainda que “esta atitude do Governo de mais uma vez tentar enganar os portugueses dizendo que encerrar é reorganizar nem sequer é suportada por qualquer documento oficial”.
Além do encerramento da urgência de pediatria do Hospital Beatriz Ângelo, “a segunda mais importante da Área Metropolitana de Lisboa”, Roque da Cunha contou que no Hospital do Barreiro houve uma reunião de emergência na passada quinta-feira no serviço de Pediatria e no Hospital de Setúbal já foi comunicada à tutela a incapacidade de organizar escalas durante o período noturno.
Para o líder do Sindicato Independente de Médicos, o que “é fundamental” é a nova grelha salarial que os sindicatos estão a negociar até 30 de junho para evitar a saída dos profissionais do SNS.
“O Governo, em vez de se preocupar em ocultar, deve preocupar-se em apresentar uma grelha salarial que seja perfeitamente aceitável e que permita aos médicos portugueses continuar no Serviço Nacional de Saúde e não a saírem, pondo ainda em maior risco o acesso dos portugueses, particularmente os mais desfavorecidos, aos serviços de saúde”, declarou.
LUSA/HN
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