As declarações do responsável surgem no âmbito da greve de médicos iniciada esta quarta-feira. Numa altura em que decorrem negociações entre entidades sindicais e o Ministério da Tutela, a Federação Nacional dos Médicos convocou uma greve que prevê ter uma forte adesão.
Contactado pelo nosso jornal, o Vice-Presidente da Comissão Executiva da FNAM lamentou que as negociações com a tutela ainda não tenham “conduzido a lado nenhum”, empurrando, assim, os médicos a um novo protesto.
De acordo com João Proença, o Governo não “tem respeitado a negociação” e insiste em “não querer ouvir os médicos” nem as propostas até agora apresentadas pela Federação Nacional de Médicos.
“Realizamos esta greve por causa do sentimento de revolta e pela exigência de respeito por parte do ministério. Temos uma grelha salarial que foi apresentada e que até hoje nunca nos foi respondida”, frisou Proença em conversa com a HealthNews.
Questionado sobre o papel da nova Direção Executiva do SNS, o Vice-Presidente da FNAM não poupou críticas. “Com a nova direção Executiva nada está a mudar. Acho que neste momento há dois ministros da Saúde, só não se percebe qual é que manda mais. O tal CEO do SNS, Fernando Araújo, o único que está a propor é fechar serviços ao invés de criar mais vagas e motivar os profissionais a quererem ficar na função pública.”
A falta de resposta para a melhoria das condições de trabalho, para a progressão da carreira e para a diminuição do trabalho no serviço urgência foram apontadas como as principais motivações da greve.
“Somos contra o trabalho extraordinário que impede a nossa vida pessoal e científica. Queremos é concursos atempados de progressão de carreira. É algo que não temos tido. O Governo ainda não apresentou nenhuma contraproposta e, como tal, protestamos”, afirmou João Proença.
O representante sublinha que a FNAM está a “representar os médicos que trabalham e que se sentem frustrados, desesperados, desmotivados e com vontade de sair do Serviço Nacional de Saúde”.
Propostas como o aumento das listas de utentes por médico de família e da idade para deixar de fazer urgências são vistas como um “retrocesso” por parte do sindicato.
Segundo explica o Vice-Presidente da Comissão Executiva da FNAM, o documento apresentado propõe “que os médicos começassem a fazer bancos de urgência até aos 60 anos e os profissionais com 55 anos deixassem de fazer urgências à noite. Por outro lado, foi proposto um aumento das listas dos médicos de Medicina Geral e Familiar, tornando a nossa vida insuportável.”
Aos olhos do responsável, trata-se de uma “imposição e não de uma negociação”.
” O Governo não está a querer ouvir os médicos e tem feito connosco o mesmo que faz aos professores e enfermeiros. Não há dinheiro para quem trabalha, mas há dinheiro para os negócios”, lamentou.
O Sindicato Independente dos Médicos decidiu desmarcar-se do protesto, uma posição que a FNAM não quis comentar.
HN/VC
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