O melasma é uma condição comum, crónica e recorrente. Caracteriza-se por manchas hiperpigmentadas simétricas de contorno irregular, distribuídas pela face, mais comummente, podendo afetar, também, o corpo. Esta condição associa-se a um impacto psicológico significativo pela influência negativa na autoestima e qualidade de vida.
O melasma é particularmente comum em mulheres em idade reprodutiva, os estudos apontam idades médias de início entre os 28 e os 37 anos, e as lesões podem sofrer agravamento com a exposição a radiação UV ou durante a gravidez.
Apesar da patogénese do melasma ser complexa e ainda não totalmente compreendida, parece resultar do aumento da biossíntese de melanina com a sua deposição em todas as camadas da pele (particularmente a camada basal da epiderme e derme superior), associada a uma diminuição da depuração deste pigmento.
Vários fatores estão implicados no desenvolvimento de melasma: influência genética, gravidez, sensibilidade hormonal (uso de anticoncecionais orais, menopausa ou terapia de reposição hormonal). Fatores de risco menos comuns incluem distúrbios da tiróide, deficiência de zinco, medicamentos (por exemplo: fenitoína, anticonvulsivantes e medicamentos fototóxicos) e cosméticos.
Os padrões faciais de distribuição do melasma incluem: (1) Padrão centrofacial, o mais comum, envolvendo a testa, bochechas, nariz, lábio superior e áreas do queixo; (2) Padrão malar, afetando predominantemente as áreas laterais da bochecha e nariz; e (3) Padrão mandibular, distribuindo-se ao longo da linha da mandíbula.
Ao contrário do melasma que tende a ser crónico e recorrente, a hiperpigmentação desencadeada por inflamação (a designada hiperpigmentação pós-inflamatória) e luz UV (bronzeado) na pele sã geralmente é autolimitada, resolvendo espontaneamente.
O diagnóstico do melasma baseia-se geralmente na apresentação clínica, presença de fatores desencadeantes e/ou de risco.
O tratamento do melasma é desafiante e não existe uma abordagem universal. A finalidade é a restituição do equilíbrio pigmentar da pele, através da diminuição da produção de melanina e aumento da sua remoção. A abordagem inicial deve sempre envolver a educação do paciente relativamente à natureza crónica e recorrente da doença. É importante estabelecer expectativas realistas, incluindo a necessidade de terapias de manutenção de longo prazo. Assim, a motivação do paciente é indispensável para o sucesso do tratamento, pois apenas através de uma adesão rigorosa ao regime de tratamento é possível evitar o reaparecimento do melasma. Dada a complexidade do melasma e a interação de fatores genéticos e ambientais na patogénese da doença, é necessária uma abordagem combinada e adequada a cada tipo de melasma.
A medicação habitual dos pacientes deve ser revista cuidadosamente. A descontinuação de medicação relacionada com o aparecimento do melasma deve ser ponderada, particularmente em pacientes sob terapia hormonal.
A proteção solar é considerada essencial para o tratamento desta patologia e deve ser aconselhada a todos os pacientes, diariamente, quer faça chuva quer faça sol. A fotoproteção deverá incluir protetor solar (idealmente SPF 50+) bem como roupas protetoras (chapéu, manga comprida, calças) e evicção solar, sempre que possível.
Segue-se a terapêutica tópica despigmentante. A rotina de cuidados de pele é muito importante, com a escolha dos cremes adequados com substâncias ativas que atuam na hiperpigmentação e manchas. Os principais agentes despigmentantes mais usados são a hidroquinona (HQ), os retinóides, ácido azelaico e kójico e, mais recentemente, o ácido tranexâmico (TXA).
Em casos de resposta não satisfatória, podem ser necessários tratamentos de segunda e terceira linha como ácido tranexâmico (TXA) oral e/ou outros procedimentos como peelings químicos e/ou tratamentos baseados em energia como o laser.
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