Cancro gástrico: Investigadores descobrem molécula associada a “pior prognóstico”

11 de Maio 2023

Investigadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) descobriram uma molécula presente nas células do cancro gástrico associada a "maior invasão tumoral" e a um "pior prognóstico dos pacientes", foi esta quinta-feira revelado.

A investigação, publicada na revista científica PNAS, identifica um “novo maestro” na comunicação das células de cancro do estômago, a molécula Syndecan 4, revela hoje, em comunicado, o instituto da Universidade do Porto.

O trabalho revela que a molécula é transportada por vesículas extracelulares produzidas pelas células tumorais e direciona estas vesículas para o fígado e pulmão, órgãos onde “é comum aparecerem metástases de cancro do estômago”.

As descobertas contribuem para a “compreensão de um novo mecanismo de comunicação das células tumorais”, ao identificar um “potencial alvo” para desenvolver terapias direcionadas para travar a metastização, destaca o instituto.

Uma equipa do i3S, liderada por Ana Magalhães, já tinha identificado que a infeção com estirpes mais patogénicas da bactéria ‘Helicobacter pylori’ – fator de risco para o desenvolvimento de cancro gástrico – causavam “um aumento” da Syndecan 4.

“Recorremos então a amostras de tumores gástricos de pacientes do IPO [Instituto Português de Oncologia] e descobrimos que nestes tecidos esta molécula estava muito presente e que a sua presença estava associada a um pior prognóstico”, refere, citada no comunicado, a investigadora do grupo ‘Glycobiology in Cancer’, do i3S.

“Verificámos também que o Syndecan 4 está associado a uma maior capacidade de mobilidade e de invasão das células tumorais”, adianta a primeira autora do artigo, Juliana Poças, esclarecendo que “se as vesículas extracelulares tiverem esta molécula serão internalizadas pelas células do fígado e dos pulmões, órgãos onde é comum aparecerem metástases do cancro do estômago”.

“No entanto, quando removemos o Syndecan 4 das vesículas extracelulares verificamos que bloqueamos a sua entrada nas células do fígado e pulmões”, acrescenta.

Estes dados “revelam o potencial desta molécula como um novo alvo terapêutico em oncologia de precisão para limitar a invasão do cancro gástrico e controlar a comunicação das células de cancro com a sua vizinhança próxima e à distância”, destaca Ana Magalhães, notando que “esta molécula surge como um potencial biomarcador de pior prognóstico em cancro gástrico”.

A investigação foi desenvolvida em parceria com a Fundação Champalimaud e em colaboração com o grupo de Patologia e Terapêutica Experimental do IPO-Porto.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

IGAS processa Eurico Castro Alves

A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) anunciou hoje ter instaurado em novembro de 2024 um processo ao diretor do departamento de cirurgia do Hospital Santo António, no Porto.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights