Terapeutas portugueses sugerem mais especialistas na saúde em São Vicente

9 de Junho 2023

O grupo português da associação “Ser Mais Dar Mais, Terapeutas sem Fronteiras” alertou hoje para a necessidade de mais recursos humanos especializados na saúde na ilha cabo-verdiana de São Vicente.

“Da minha perceção enquanto profissional e enquanto voluntária, acho que aqui em São Vicente acaba por ter muitas estruturas, muitos materiais, instalações e até equipamentos, mas a sensação que me dá, estando deste lado, é que realmente faltam recursos profissionais”, considerou a psicomotricista Rafaela Pereira, a vogal da direção de “Ser Mais Dar Mais, Terapeutas Sem Fronteiras”, que termina hoje uma missão à ilha de São Vicente, no norte no arquipélago cabo-verdiano.

Esta é a sétima vez que o grupo está em missão a Cabo Verde e já tem alguma noção das necessidades da ilha de São Vicente.

“Nesta área da saúde e da educação, faltam muitos técnicos especializados, como fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicomotricistas, pessoas que sejam especializadas na área da educação para crianças com necessidades educativas especiais, terapeutas da fala”, apontou a diretora de três lares residenciais para pessoas com deficiência intelectual, no Porto.

A missão envolvendo Cabo Verde e Portugal foi dividida em três fases, a de preparação, a de implementação no terreno e uma “pós”, com construção e disponibilização de ferramentas, de acordo com as necessidades consideradas no terreno.

“Já vamos embora esta sexta-feira [hoje], pois a nossa intervenção é de curto prazo, normalmente até uma semana e meia, trazemos um programa que já vem definido de Portugal e de um trabalho prévio que é feito com os parceiros e depois, aqui, é colocar na prática aquilo que já foi trabalhado e articulado”, referiu.

Entretanto, a porta-voz do grupo salientou que a missão não acaba agora, porque no regresso a Portugal vão colocar em prática tudo aquilo que ficou por fazer.

“Portanto, a realização de um panfleto que iremos construir e enviar, para crianças com necessidade educativas especiais, vamos também criar um conjunto de exercícios e orientações para as escolas, famílias e terapeutas que as acompanham”, previu.

O grupo português em missão em Cabo Verde é formado por voluntários, de diferentes áreas, com um médico, uma psicomotricista, uma fisioterapeuta, uma terapeuta ocupacional, terapeuta da fala e uma profissional de recursos humanos.

Além de São Vicente, um musicoterapeuta, uma professora de educação especial, outra psicoterapeuta ocupacional e uma psicomotricista foram para a ilha vizinha de Santo Antão.

Um dos voluntários é o médico especialista em medicina legal Diogo Calçada, que trabalha no hospital de Guimarães, com o papel de fazer a observação de mulheres que foram vítimas de violência baseada no género (VBG).

Nesta sua primeira missão a Cabo Verde, teve como atributo trabalhar a questão de VBG junto de um público abrangente e dar uma formação sobre os cuidados a ter com o bebé, com uma mulher grávida e que deu à luz e sobre o posicionamento de crianças com limitações neurológicas.

“O que constatamos é que aqui em Cabo Verde temos pessoas muito capazes, trabalham com pouco recursos, mas os poucos recursos que têm conseguem reinventar-se e dar uma resposta muito boa. Foi uma boa surpresa do meu ponto de vista, que é a primeira vez que venho, fiquei muito agradado de ver que conseguem dar uma resposta”, avaliou.

Entretanto, tal como em outros países, notou que Cabo Verde enfrenta dificuldades sobretudo na escassez de recursos humanos e materiais.

“Mas conseguem sempre dar à volta e dar uma resposta. Às vezes, até parece que eu é que estou a aprender porque posso trazer novas ideias, mas aqui há muita experiência no terreno, que é muito bom e positivo”, frisou o médico.

A Organização das Mulheres de Cabo Verde, assim como a Delegacia de Saúde local, as Aldeias SOS, Jardins infantis e escolas, são alguns pontos onde o grupo já chegou.

A associação portuguesa pretende dar continuidade ao seu trabalho em Cabo Verde e angariar mais parceiros, para que possam contribuir cada vez mais neste trabalho formativo e educacional que têm vindo a fazer no país.

LUSA/HN

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