Já se conhece o nome do substituto do ex-Diretor de obstetrícia do Hospital de Santa Maria, exonerado do cargo por, alegadamente,  “colocar em causa o projeto de obra e o processo colaborativo com o Hospital São Francisco Xavier, durante as obras da nova maternidade”.

Em nota à imprensa, o Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN) explicou a exoneração com o facto de  a direção do Departamento de Obstetrícia, Ginecologia e Medicina de Reprodução ter vindo assumir posições que, “de forma reiterada, têm colocado em causa o projeto de obra e o processo colaborativo com o Hospital São Francisco Xavier, durante as obras da nova maternidade do HSM [Hospital Santa Maria]”.

Na nota, a direção do CHLN recorda que este centro hospitalar tem em curso “um processo de reestruturação na área da Obstetrícia”, tendo em vista a necessidade de garantir “uma estreita articulação com o serviço” no âmbito do projeto da nova maternidade (novo bloco de partos, expansão do internamento do puerpério e do Serviço de Neonatologia) do Santa Maria.

A gota de água que terá levado ao desfecho agora conhecido terá sido uma carta com data de 15 de Junho e só agora divulgada pelo jornal Público, assinada por 34 dos 37 elementos que compõem a equipa médica do Departamento de Obstetrícia, Ginecologia e Medicina da Reprodução do Hospital de Santa Maria. A carta enviada ao diretor clínico do hospital, à administradora e ao diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde levanta dúvidas e preocupações e deixa críticas à forma como foi planeado e anunciado o plano de obras para o bloco de partos do maior hospital da capital.

Reagindo à notícia da exoneração de Diogo Ayres de Campos, a Presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá, acusa o Governo de intolerância face às críticas.

“A carta tem a assinatura de facto da maioria dos elementos do serviço, bem como da então sua diretora e do seu diretor de departamento e pelo menos há uma associação temporal com a exoneração deste diretor, o que nos deixa ficar a pensar que, no fundo, quem ousa criticar medidas do Ministério da Saúde ou da sua direção executiva é exonerado, portanto, em democracia isto não é aceitável”, diz Joana Bordalo e Sá.

A presidente da FNAM entende que “os médicos para poderem trabalhar para outro local de trabalho que não o seu tem que ser com o seu acordo”.

“Isso é uma coisa que não lhe pode ser imposta, é ilegal. Admitindo que até poderiam fazer esse esforço, obviamente, têm que conhecer o plano previamente”, defende.

Alexandre Valentim Lourenço, o médico que irá substituir Diogo Ayres de Campos, tem um longo currículo na especialidade, todo ele desenvolvido no Hospital de Santa Maria.

Realizou o Internato Geral (1989-1990) e Internato Complementar (1991-1996) em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital de Santa Maria, CHULN.
Iniciou em 1997 a sua atividade como especialista no Hospital de Santa Maria, mantendo-se ininterruptamente no serviço e concorrendo às provas publicas da carreira médica, obtendo o grau Consultor em 2007 e a categoria de Assistente Graduado Sénior em 2022.
Coordenador, desde a sua criação, da Unidade de Uroginecologia/Pavimento Pélvico no Hospital de Santa Maria (2003-2021). Anteriormente responsável pela consulta externa. Atividade contínua no serviço de urgência até 2021, sendo chefe de equipa desde 2008.
Diretor do Serviço de Ginecologia do Hospital de Santa Maria após procedimento concursal – Centro Hospitalar e Universitário de Lisboa Norte desde 2021.

Entre 2017 e 2021 foi Presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos (2017-2022).

Em Janeiro foi candidato a Bastonário da Ordem dos Médicos, tendo perdido para Carlos Cortes, atual Bastonário da Ordem dos Médicos

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