Investigadora do Politécnico de Leiria recebe prémio para estudar doença celíaca

11 de Julho 2023

A investigadora do Politécnico de Leiria Sónia Gonçalves Pereira recebeu um prémio, de 300 mil euros, para estudar, nos próximos três anos, os mecanismos da doença celíaca, anunciou esta terça-feira aquela instituição de ensino superior.

Numa nota de imprensa, o Politécnico informou que a investigadora do Centro de Inovação em Tecnologias e Cuidados de Saúde foi galardoada com o Beyond Celiac Foundation Established Investigator Award 2022, para desenvolver o projeto ‘CeliAct(TIV) – Translocação, Inflamação e Virulência: dissecando os mecanismos da interação glúten-microbiota na doença celíaca’.

Segundo a mesma nota, a equipa do projeto ‘CeliAct(TIV)’ quer aumentar o conhecimento sobre a contribuição da microbiota humana no desencadear e na evolução da doença celíaca, concentrando-se nos mecanismos de interação glúten-microbiota-imunidade.

“Além de procurar as assinaturas específicas da microbiota na doença celíaca, a equipa pretende saber mais sobre o impacto que as bactérias e a sua virulência podem ter na digestão do glúten e consequente translocação e inflamação intestinal”, esclareceu o Politécnico de Leiria.

O projeto tem a colaboração de Katri Lindfors, do Centro de Investigação da Doença Celíaca da Universidade Tampere (Finlândia), e de Daniela Cipreste Vaz, como coinvestigadora principal.

A estudante de doutoramento Ana Roque, também do Centro de Inovação em Tecnologias e Cuidados de Saúde, integra igualmente a equipa de investigação, “focando o seu trabalho na microbiota sanguínea da doença celíaca, suas assinaturas de virulência, e participação na permeabilidade intestinal utilizando modelos organoides, com o apoio do laboratório do professor gastroenterologista Alessio Fasano, na Harvard Medical School e Massachusetts General Hospital”.

De acordo com a nota de imprensa, “a doença celíaca é a doença autoimune mais prevalente em todo o mundo e a única em que se conhece a trilogia patológica do agente causal (glúten, presente no trigo, centeio, cevada e algumas variantes de aveia)”, autoanticorpos e genes.

“Apesar de 40% da população mundial ter estes genes, só 3% dos seus portadores desenvolvem a doença, podendo viver durante anos a comer glúten sem sintomas e iniciá-los de repente, num caminho sem retorno”, referiu o Politécnico, acrescentando que “estas evidências sugerem que outros fatores podem participar no desencadear e perpetuar da doença, em que a microbiota humana”, conjunto de microrganismos presentes no organismo, “se apresenta como um forte candidato, o que configura a base do projeto premiado”.

A equipa deste projeto vai “olhar para diferentes aspetos da microbiota, com foco para a sua diversidade e virulência e criar pontes com outras áreas de estudo da doença celíaca, no que diz respeito aos processos de translocação molecular e bacteriana através do epitélio intestinal, mecanismo associado ao desencadear da resposta autoimune, e ainda aos processos de inflamação intestinal, característicos também da doença, procurando dissecar como é que a componente bacteriana participa neles”, acrescentou.

A Fundação Beyond Celiac é uma organização não-governamental norte-americana criada em 2003, que financia a investigação da doença celíaca em todo o mundo.

LUSA/HN

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