De acordo com um relatório do Health Cluster – unidade da OMS que junta esforços para prestar apoio de emergência em vários países -, sobre a atividade no norte de Moçambique, entre os 17 distritos afetados pelos ataques em Cabo Delgado, existem 148 unidades de saúde, mas 36 permanecem destruídas ou por recuperar.
No documento, o Health Cluster contabiliza que 1,1 milhão de pessoas necessitam de apoio médico na região e que são necessários 19,75 milhões de dólares (17,8 milhões de euros) para apoiar a atividade no norte de Moçambique.
“Os eventos de insurgentes na província diminuíram constantemente nos primeiros cinco meses do ano. Com o fim da época das chuvas e do Ramadão, a frequência de ocorrências está projetada para aumentar”, aponta o relatório, de maio, e divulgado hoje.
Contabiliza igualmente que 391 mil refugiados de Cabo Delgado voltaram aos locais de origem, mas 781 mil continuam deslocados.
A província de Cabo Delgado (norte de Moçambique) enfrenta há cinco anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.
O conflito já provocou cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
“A violência continuou a aumentar no distrito de Muidumbe, ocasionalmente no norte e centro de Macomia, com os insurgentes também a regressar a Meluco e Nangade. Os insurgentes relataram estar a usar a estratégia de ‘corações e mentes’, enfatizando que o que fazem não pretende causar nenhum dano e alertando os civis para não cooperarem com as forças de segurança. Relatórios também apontam que algumas pessoas ao longo das comunidades costeiras em Macomia vivem pacificamente com os insurgentes”, lê-se ainda no relatório do Health Cluster, neste caso citando como fonte o ACLED.
Ainda de acordo com a informação do Health Cluster, é necessário trabalhar em conjunto com o Governo para “reparar a infraestrutura danificada e fornecer suprimentos, equipamentos, medicamentos e pessoal necessários”.
Entre as recomendações daquela unidade está também a discussão com os doadores de alterações aos projetos na região, face ao “elevado número” de refugiados que estão a voltar aos locais de origem.
Também defende que as autoridades governamentais, em conjunto com os parceiros de saúde, devem “aumentar os esforços para melhorar a vigilância da cólera e garantir a deteção imediata e notificação de casos e melhorar o compartilhamento de informações”, tendo em conta o surto que ainda afeta aquela região.
LUSA/HN
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