Mais de 30 unidades de saúde continuam sem funcionar em Moçambique

25 de Julho 2023

Mais de 30 instalações de saúde continuam sem funcionar nas regiões alvo de ataques terroristas no norte de Moçambique, equivalente a 26% do total, segundo dados divulgados hoje pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

De acordo com um relatório do Health Cluster – unidade da OMS que junta esforços para prestar apoio de emergência em vários países -, sobre a atividade no norte de Moçambique, entre os 17 distritos afetados pelos ataques em Cabo Delgado, existem 148 unidades de saúde, mas 36 permanecem destruídas ou por recuperar.

No documento, o Health Cluster contabiliza que 1,1 milhão de pessoas necessitam de apoio médico na região e que são necessários 19,75 milhões de dólares (17,8 milhões de euros) para apoiar a atividade no norte de Moçambique.

“Os eventos de insurgentes na província diminuíram constantemente nos primeiros cinco meses do ano. Com o fim da época das chuvas e do Ramadão, a frequência de ocorrências está projetada para aumentar”, aponta o relatório, de maio, e divulgado hoje.

Contabiliza igualmente que 391 mil refugiados de Cabo Delgado voltaram aos locais de origem, mas 781 mil continuam deslocados.

A província de Cabo Delgado (norte de Moçambique) enfrenta há cinco anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.

O conflito já provocou cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

“A violência continuou a aumentar no distrito de Muidumbe, ocasionalmente no norte e centro de Macomia, com os insurgentes também a regressar a Meluco e Nangade. Os insurgentes relataram estar a usar a estratégia de ‘corações e mentes’, enfatizando que o que fazem não pretende causar nenhum dano e alertando os civis para não cooperarem com as forças de segurança. Relatórios também apontam que algumas pessoas ao longo das comunidades costeiras em Macomia vivem pacificamente com os insurgentes”, lê-se ainda no relatório do Health Cluster, neste caso citando como fonte o ACLED.

Ainda de acordo com a informação do Health Cluster, é necessário trabalhar em conjunto com o Governo para “reparar a infraestrutura danificada e fornecer suprimentos, equipamentos, medicamentos e pessoal necessários”.

Entre as recomendações daquela unidade está também a discussão com os doadores de alterações aos projetos na região, face ao “elevado número” de refugiados que estão a voltar aos locais de origem.

Também defende que as autoridades governamentais, em conjunto com os parceiros de saúde, devem “aumentar os esforços para melhorar a vigilância da cólera e garantir a deteção imediata e notificação de casos e melhorar o compartilhamento de informações”, tendo em conta o surto que ainda afeta aquela região.

LUSA/HN

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