Relatório anual das hepatites destaca projetos de microeliminação da hepatite C

28 de Julho 2023

O relatório anual do Programa Nacional para as Hepatites Virais destaca este ano projetos de microeliminação da hepatite C, relacionados com diversos grupos populacionais, que considera essenciais no compromisso de eliminar as hepatites virais até 2030.

Os projetos são incluídos, pela primeira vez, no relatório deste programa, um dos programas de saúde prioritários da Direção-Geral da Saúde (DGS), e abrangem grupos populacionais diversos como os reclusos, os utilizadores de drogas ou os doentes que fazem diálise.

Numa nota hoje divulgada, a DGS salienta que, numa altura em que o número de novos casos notificados está abaixo dos 200 por ano, a aposta nestes projetos “depende muito da liderança das organizações não-governamentais”, a quem reconhece “o papel preponderante e de proximidade com as comunidades, nomeadamente no rastreio da hepatite B e C”, com tendência crescente desde 2014.

Um projeto piloto sobre a hepatite C abrangendo população sem abrigo do Grande Porto, que inclui rastreio, diagnóstico e tratamento, outro sobre redução de riscos e minimização de danos, que abrange intervenção de proximidade com pessoas que utilizam drogas no concelho de Espinho e outro que envolve a redução de riscos associados ao consumo de substâncias psicoativas e trabalho sexual nas freguesias de Barcelos, Arcozelo e Feitos, no concelho de Barcelos, são alguns dos projetos apontados.

O documento inclui ainda, como exemplo, o projeto Tolerância Zero, de eliminação da hepatite C na Figueira da Foz, um outro de intervenção de microeliminação da hepatite C em utentes internados para desabituação na Unidade de Desabituação de Coimbra, o SARA VI – Serviço Anónimo de Rastreio e Aconselhamento, em Leiria e na Marinha Grande, e também um projeto de rastreio e tratamento do vírus da hepatite C dirigido a população sem abrigo, pessoas que consomem substâncias psicoativas e pessoas migrantes na cidade de Lisboa.

Questionado pela Lusa, o diretor do Programa Nacional para as Hepatites Virais, Rui Tato Marinho, disse que a decisão de incluir estes projetos no relatório funciona como “uma homenagem” às organizações não governamentais envolvidas e ao trabalho que desenvolvem.

“Eles estão no terreno, vão dar alimento a estas pessoas, vão ajudar a recuperar, vão levá-los aos médicos. É uma forma de nós prestarmos homenagem a um trabalho extremamente importante. E estamos a falar de 50.000 portugueses que poderão viver nestas condições”, afirmou.

Rui Tato Marinho destacou o trabalho “extremamente importante” destas organizações e o seu “contributo social elevadíssimo”.

“Inclusivamente, contribuem para a pacificação social, pois muitas destas pessoas poderiam estar na prisão ou a fazer outras coisas menos próprias”, acrescentou.

Lembrou igualmente que estas organizações acabam também por contribuir para o controlo de algumas doenças psiquiátricas: “Se não fossem elas, [os doentes] não faziam medicação”.

“Fazem um trabalho fantástico, muitas vezes não valorizado, porque são pequenas associações e médias associações, mas a quem o país deve muito. Na realidade, ajudam a salvar vidas, como nós, e também promovem a ligação destes cuidados mais de proximidade aos hospitais, onde se fazem os cuidados mais diferenciados”, sublinhou.

Este projeto dos microeliminadores envolveu igualmente o Infarmed e entre 15 a 20 organizações convidadas.

LUSA/HN

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