“É fundamental que a população tome conhecimento sobre os sinais e sintomas de alerta desta doença e que os decisores políticos percebam a importância da implementação de um rastreio”, disse António Araújo.
Em entrevista à agência Lusa, na véspera do Dia Mundial do Cancro do Pulmão, o fundador da Pulmonale – Associação Portuguesa de Luta Contra o Cancro do Pulmão frisou que esta é uma doença “muito frequente e com mortalidade elevada”.
“É um cancro que tem uma taxa de mortalidade muito elevada. É o cancro que mais mata”, reforçou
António Araújo, que é diretor do serviço de Oncologia Médica do Centro Hospitalar Universitário de Santo António, no Porto, lembrou que outros países da Europa já realizam rastreios ao cancro do pulmão, sendo direto: “avançar em Portugal é urgente”.
“A mortalidade por esta doença tem vindo a aumentar”, sublinhou.
A realização de um rastreio ao cancro do pulmão tem várias especificidades, desde logo porque é preciso identificar os alvos, não sendo esta uma medida aplicável a toda a população.
Para isso, o médico lembra “o papel muito importante dos médicos de família” por “serem as pessoas que melhor conhecem a saúde dos cidadãos”.
“E depois há que ter em conta critérios como: pessoas entre os 54 e os 75 anos que tenham fumado uma determinada quantidade de tabaco ou que tenham deixado de fumar há menos de 15 anos, por exemplo”, acrescentou.
Outro dos condicionalismos do rastreio do cancro do pulmão é o sobrediagnóstico, os casos de nódulos pulmonares que não são doença maligna, mas que obrigam a um estudo clínico e que causam sofrimento psicológico e físico, que se cifra em quase 38%.
Somam-se os custos do próprio rastreio, que incluem a necessidade de maquinaria pesada para realização de TAC, bem como técnicos e médicos radiologistas para interpretar os resultados.
“Qualquer projeto de rastreio envolve dispêndio de verba, é verdade, mas o rastreio salva vidas e deve ser implementado”, alerta António Araújo, acrescentando que o diagnóstico precoce gera poupança, por via direta ou indireta, em medicamentos, tratamento ou internamentos futuros.
Recorrendo a estudos mundiais sobre esta doença, estudos que envolveram mais de 88.000 pessoas, António Araújo disse à Lusa que está já demonstrado que o diagnóstico precoce e diminui a mortalidade relacionada com o cancro de pulmão em cerca de 20%”.
“Este rastreio é de implementação mais difícil que os outros, mas salva vidas”, insistiu o também professor no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto.
A principal causa para o desenvolvimento de cancro do pulmão é o tabaco, sendo o tabagismo responsável por cerca de 85% dos casos de cancro do pulmão, de acordo com informação da associação.
Este tipo de tumor também pode desenvolver-se devido ao tabagismo passivo ou exposição a elementos poluentes, e ainda em não fumadores.
São sintomas a ter em conta tosse persistente, com ou sem expetoração, cansaço, falta de ar ou dor torácica.
Segundo o Registo Oncológico Nacional, o cancro do pulmão afeta cerca de 5.200 cidadãos por ano. Destes, aproximadamente dois terços apresentam-se em estadio avançado ou metastático.
Na terça-feira, dia em que se assinala o Dia Mundial do Cancro do Pulmão, será lançada a campanha de rua “O cancro do pulmão não tira férias” em ‘mupis’, ‘outdoors’, multibancos e autocarros da Rede Expresso.
Esta campanha conta com a participação de várias entidades e associações de doentes, como, Associação Careca Power, Associação Nacional das Farmácias (ANF), Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), Pulmonale e Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) e a AstraZeneca.
Fundada em 2009, A associação Pulmonale, tem como objetivo, promover o rastreio e o diagnóstico precoce do cancro pulmão e aconselhamento e apoio às pessoas afetadas.
LUSA/HN
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