A FNAM convocou uma greve para dia 1 e 2 de agosto, coincidindo com a visita do Papa Francisco a Portugal. Em declarações prestadas ao HealthNews, João Proença admitiu ter-se tratado de uma escolha estratégica.
“A razão de termos escolhido estes dias foi a parte mediática. Ontem falamos com imensas televisões e rádios estrangeiras. Eu e mais dois dirigentes de sindicatos médicos da zona Sul fomos entrevistados por jornalistas espanhóis e alemães. Quando eu disse à jornalista alemã o nosso salário base, ela começou-se a rir”, apontou.
De acordo com o vice-presidente da Comissão Executiva da FNAM, a greve tem tido uma forte adesão por parte dos médicos. “Hoje estou muito mais contente. Na zona sul do país a adesão à greve aumentou comparativamente com o dia de ontem. No Norte diria que a adesão é a mesma”.
O responsável, que disse ter havido uma “farsa negociação”, reiterou que os médicos vão “continuar a luta” caso o Governo não responda positivamente às exigências dos sindicatos.
Entre os pedidos inclui-se o aumento transversal, para todos os médicos, de 30%; a redução para as 35 horas por semana; a reposição das 12 horas semanais do horário normal em serviço de urgência; o descanso compensatório aos sábados, domingos e noites.
“Se querem ter médicos de qualidade no SNS têm de pagar melhor. Não vale a pena estar a importar médicos (…) Há médicos suficientes em Portugal. Portanto, a questão passa por conseguir captar os médicos que estão fora do SNS, pagando melhor e dando melhores condições de trabalho”, frisou.
Sobre a decisão de transferir as equipas médicas de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Santa Maria para o Hospital São Francisco Xavier foram várias as críticas apontadas.
“O ministro número 2 [Fernando Araújo] é um prepotente que nem tem a sua fundamentação legal. A transferência das equipas médicas de Ginecologia e Obstetrícia para o Hospital São Francisco Xavier vai por em causa a saúde das grávidas. Muitas grávidas têm de haver hemodiálise e o São Francisco Xavier não faz”.
Segundo a FNAM as escalas que foram criadas “não são suficientes para dar resposta ao número de partos que o Santa Maria vai transferir.”
HN/Vaishaly Camões
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