Retorno de população a Cabo Delgado obriga a reforço de medicamentos

17 de Agosto 2023

As autoridades de saúde moçambicanas estão a reforçar o 'stock' de medicamentos na província de Cabo Delgado, face ao regresso da população que nos últimos anos fugiu dos ataques terroristas, disse hoje um responsável.

“Como há movimento do retorno da população, a nossa prioridade é irmos fazendo a reposição de medicamentos consoante o volume da população que vai retornando aos sítios que estiveram com unidades sanitárias encerradas”, explicou o médico Edson Renato, do Serviço Provincial da Saúde em Cabo Delgado.

Aquele serviço recebeu hoje 1.652 ‘kits’ para agentes polivalentes elementares e 132 ‘kits’ de unidades sanitárias, estes últimos correspondente a mil consultas, para “reforçar ‘stocks’ de medicamentos nos próximos seis meses”, com prioridade aos distritos a que regressa a população em Cabo Delgado.

O número de unidades sanitárias encerradas devido à insurgência dos últimos quase seis anos no norte de Moçambique, nomeadamente em Macomia, Muidumbe, Quissanga, Palma e Mocimboa da Praia ultrapassa a meia centea, por isso a maior parte da população retornada é agora atendida por agentes polivalentes elementares, através de brigadas móveis ou clínicas móveis, sendo os medicamentos alocados conforme o número de unidades reabertas em cada região.

“Consoante o número de unidades sanitárias que voltarem a funcionar, nós alocamos quantidades de medicamentos para cobrir a população que retornou, através de assistências nas unidades sanitárias ou através de brigadas móveis ou clínicas móveis, que fazem assistência à população. Então, os medicamentos são alocados nas Unidades Sanitárias ou nos depósitos distritais de medicamentos” concluiu Renato Edson.

Para além de servir os distritos com retorno da população, os medicamentos agora distribuídos, de vários tipos, visam acautelar a rutura de ‘stock’ antes do início da próxima época das chuvas, em outubro.

Mais de 400 mil pessoas vítimas dos ataques de insurgentes no norte de Moçambique nos últimos cinco anos já regressaram às zonas de origem, nomeadamente em Cabo Delgado, mas quase 820 mil continuam deslocadas, segundo números oficiais.

De acordo com a mais recente atualização feita pelo Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), divulgada em 10 de agosto, “pelo menos 409.087 pessoas” regressaram às zonas de origem.

Contudo, “existem ainda 819.004 pessoas deslocadas”, das quais 764.332 na província de Cabo Delgado, e as restantes nas províncias de Niassa (4.533), Nampula (39.875), Manica (5.582), Sofala (3.376) e Zambézia (1.191), entre outras.

A província de Cabo Delgado (norte de Moçambique) enfrenta há cinco anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.

O conflito já provocou cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

LUSA/HN

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