Em comunicado, a comissão conta que um pico de procura pelas urgências desta unidade em Loures, no distrito de Lisboa, levou a que os utentes estivessem várias horas à espera na segunda-feira, como já aconteceu noutras ocasiões.
Ao final da tarde, morreu nas instalações do hospital um homem de 93 anos que, segundo o comandante dos Bombeiros Voluntários de Camarate, Luís Martins, foi levado para a unidade de saúde pela corporação após uma queda num lar que lhe provocou uma fratura numa perna.
Em declarações à Lusa, o comandante referiu hoje que o doente deu entrada cerca das 13:00 no Beatriz Ângelo, onde os bombeiros se depararam com “um cenário caótico”.
A avaliação clínica foi realizada na maca dos bombeiros por “falta de macas no hospital”. Foram feitos exames raio-x, em que foi detetada uma fratura do colo do fémur, e uma estabilização da perna com uma tração, indicou, referindo que “o caso era grave”.
Depois de mais de cinco horas à espera no corredor do hospital, o estado clínico do idoso agudizou-se e o homem acabou por morrer, cerca das 18:30, referiu o comandante, esperando que o inquérito sobre esta morte seja célere.
Hoje de manhã, a administração do hospital anunciou que iria abrir com caráter de urgência um inquérito a este caso.
“Apesar de a avaliação preliminar não permitir estabelecer qualquer relação entre o tempo de permanência na urgência, a assistência prestada e o desfecho que veio a verificar-se, o Conselho de Administração determinou a abertura de um processo de inquérito com caráter de urgência para cabal apuramento dos factos”, indica a nota divulgada.
Na nota, a comissão de utentes lembra já ter alertado para a falta de profissionais de saúde, que leva à falta de capacidade de resposta às situações de urgência, agravadas pelo período de férias e pelo tempo quente que está a afetar o país.
Os picos de procura, acrescenta, também não têm resposta nos centros de saúde, igualmente com falta de pessoal médico e de enfermagem.
“Reiteramos a nossa convicção de que a falta de profissionais no SNS se deve a uma clara falta de investimento por parte do Governo, sem que se vislumbre qualquer iniciativa no sentido de lhes dar as condições de trabalho necessárias e que permita a sua fixação no setor público”, destaca a comissão.
O SNS, sublinha, é o “único serviço de assistência médica para todos sem exceção, e em condições de igualdade”.
O comandante dos Bombeiros Voluntários de Camarate defendeu ainda que o Ministério Público deve estar atento a estes casos, porque “o caos” no hospital de Loures, com elevados tempos de espera e sem macas disponíveis, tem sido “uma situação recorrente”.
De acordo com a RTP3, no Hospital Beatriz Ângelo, durante o dia de segunda-feira, chegaram a estar 22 ambulâncias com doentes à espera de serem atendidos ou à espera de transferência para outros hospitais.
A Câmara de Loures manifestou-se hoje preocupada com a situação nas urgências no hospital, na sequência da morte do idoso, e disse aguardar os resultados do processo de inquérito.
LUSA/HN
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