“A Generis tem atualmente o seu foco essencialmente nos medicamentos genéricos. Contudo, até ao final de 2024 contamos lançar cerca de seis moléculas biossimilares, portanto, medicamentos biológicos, o que nos vai potenciar a faturação. Numa primeira fase, em 2025, para um crescimento não inferior a 20% face a 2023 e, depois, crescimentos anuais na ordem dos dois dígitos, pelo menos de 10%, nos próximos cinco anos”, avançou à agência Lusa o presidente executivo (CEO) e administrador-delegado da Generis Grupo Aurobindo.
Numa entrevista no âmbito dos 20 anos de atividade da Generis – uma empresa de origem familiar, mas que atualmente integra o grupo de origem indiana Aurobindo, presente em mais de 20 países -, Luís Abrantes destacou que Portugal acolhe “o único ‘hub’ industrial do grupo fora da Índia.
Do volume de negócios de 108 milhões de euros registado pela Generis em 2022, 18 milhões corresponderam a exportações para mais de 30 países da Europa, Ásia, África e América do Sul.
Assumindo uma perspetiva de “crescimento orgânico” em Portugal, a Generis tem atualmente em curso, até ao final do ano, um investimento superior a um milhão de euros na fábrica da empresa na Venda Nova (Amadora), com vista à sua “capacitação” e à renovação de equipamentos.
“Não estamos nem a falar de aquisições, nem de novas unidades, mas de transformações na unidade atual que nos irão permitir otimizar a capacidade de produção que temos neste momento”, disse o CEO, recordando que alguns dos equipamentos a renovar “já estavam em utilização aquando da instalação da fábrica, em 2006”, sendo na altura “tecnologia de ponta”.
A cinco anos, e estando em causa equipamentos com valores unitários na ordem dos 1,5 milhões de euros, Luís Abrantes estima que o investimento se aproxime dos 10 milhões de euros, embora este valor ainda não esteja fechado.
Responsável por 40% da faturação da Generis, a unidade fabril da Amadora produz atualmente mais de 600 referências diferentes de produto acabado para consumo nacional, afiliados e terceiros, tendo capacidade para fabricar anualmente 30 milhões de embalagens, o equivalente a 1.200 milhões de unidades (comprimidos, saquetas ou cápsulas).
Ainda previsto no âmbito do crescimento da atividade em Portugal está um reforço do atual quadro de mais de 300 trabalhadores da Generis, com a contratação de “pelo menos 30” novos colaboradores.
Nos últimos 12 meses, a quota de mercado da Generis no mercado português de medicamentos genéricos, em valor, situou-se em 19%, o que lhe confere a liderança, segundo a empresa, enquanto em unidades (ou seja, em número de embalagens) ascendeu a 21,7%.
Um estudo da Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (Apogen), citado pela empresa, aponta para que a Generis tenha ajudado o Serviço Nacional de Saúde (SNS) a poupar 1.400 milhões de euros nos últimos 20 anos.
Sem avançar números concretos, Luís Abrantes destaca que o resultado líquido da Generis “tem vindo a melhorar e, neste momento, é positivo”, tendo para tal sido “importante, este ano, a abertura legislativa para que pudesse fazer uma atualização de preços”.
“Este é um aspeto muito crítico, nomeadamente para a nossa indústria, porque há praticamente 20 anos que não havia atualização de preços, sendo que em 2008 sofremos um corte muito significativo, de cerca de 30%, que foi dramático, e, desde aí, a ‘framework’ de construção dos preços dos genéricos em Portugal, com os países de referência, nunca permite que esses preços sejam atualizados em alta”, sustenta.
Salientando que esta situação “levou a que houvesse uma dificuldade na manutenção, por vezes, de algumas soluções terapêuticas em Portugal”, o CEO da Generis considera que, “com este primeiro ajuste de preços que se realizou no início do ano, esse facto já se mitiga”, mas alerta que este “ainda é um aspeto que, para futuro, terá de ser acautelado”.
“Entendemos que o mercado ainda precisa de alguns ajustes no sentido de que se garanta a disponibilidade dessas soluções terapêuticas, que dependem de muitos fornecimentos no exterior em termos de substâncias ativas, excipientes ou materiais de embalagem, que no mercado internacional subiram exponencialmente”, refere.
“Portanto – acrescenta – precisamos de ser competitivos e de conseguir captar esses materiais para Portugal, caso contrário, o nível de ruturas no mercado irá manter-se relativamente elevado”.
De acordo com Luís Abrantes, num contexto de prazos de entrega das matérias-primas cada vez mais alargados e de uma muito grande concentração de fornecedores a nível internacional, fruto do “esmagamento de preços que se sentiu um pouco por toda a Europa”, mantém-se em cima da mesa o risco de ruturas no fornecimento de determinados medicamentos.
LUSA/HN
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