“O Ensino da Medicina em Mudança”: Nova reflete sobre a formação das próximas gerações

22 de Setembro 2023

Hoje, no Auditório da Reitoria, a Universidade Nova debateu “O Ensino da Medicina em Mudança”, e o HealthNews esteve presente.

A diretora da Nova Medical School, Helena Canhão, disse ao HealthNews que a conferência de hoje se integra nas comemorações dos 50 anos da universidade. “Há, por um lado, uma importância institucional. Nós, enquanto Nova Medical School, ensinamos estudantes de Medicina, ensinamos estudantes de Nutrição, na pré-graduação e, depois, fazemos pós-graduação avançada para todos os profissionais de saúde, e investigação nesta área da saúde. Para nós, é muito importante não só debater os assuntos da atualidade na área da saúde, mas, sobretudo, pensar como educar as próximas gerações”, referiu a diretora.

“Hoje trata-se muito disso, de educar médicos no futuro. Esses médicos vão ter de ter competências diferentes daquelas que eram ensinadas antes. Nós temos de ensinar essas competências e temos de os preparar para uma população que também é diferente”, “com conhecimentos diferentes, necessidades diferentes, expectativas diferentes. É esta preparação da educação da Medicina do futuro que nos interessa estar aqui a debater hoje”, acrescentou.

“Pretendemos – e fazemos isso – inovar, trazer os novos conhecimentos para o presente e projetar, depois, para o futuro; estar abertos a esta mudança; capacitar as pessoas para isso; mas mantendo sempre a humanização, que é algo fundamental. Mas preparar também os estudantes para a comunicação, para os novos conhecimentos. Nós vamos mudar para Carcavelos, com um campus novo, onde tudo isto está muito adaptado. A Escola é construída para a preparação, com simuladores, robôs, inteligência artificial; mas, ao mesmo tempo, treinar a relação médico-doente”, explicou Helena Canhão.

“Numa faculdade de Medicina, temos de desenvolver os três pilares: o ensino, a investigação e a relação com a comunidade. Nenhum deles é isolado. O ensino só é completo se estiver atento e relacionado com a comunidade e se incorporar investigação e novos conhecimentos. Depois, há todo um outro processo que tem a ver com as metodologias de ensino, como é que nós permitimos que os estudantes aprendam mais. Todos estes pontos estão a ser a ser debatidos hoje”, concluiu.

Abalberto Campos Fernandes, professor da Escola Nacional de Saúde Pública, também conversou com o HealthNews, depois da sua apresentação: “O perfil do médico do futuro: que competências desenvolver”. Nas suas palavras, “discutir o futuro dos médicos e como a Medicina se está a transformar é não apenas algo que interessa aos médicos e à Medicina, mas interessa aos cidadãos em geral. Nós estamos a viver um tempo histórico, como alguém dizia. A mudança está a ser tão intensa e tão rápida, como nunca conhecemos em nenhum tempo, e a responsabilidade da academia, de quem ensina, de quem faz investigação não é pôr-se de fora, é estar dentro deste processo de transformação e refletir sobre o que é que vai acontecer de diferente, para que aconteça bem.”

A sua apresentação foi no sentido de “dar algumas pistas de reflexão sobre aquilo que vai ser o contexto de exercício profissional da Medicina no futuro”. “Nós estamos a falar de uma transição em múltiplos aspetos do planeta, que não é apenas uma transição climática, é uma transição epidemiológica, demográfica, económica, tecnológica. E nada melhor do que puxarmos pela responsabilidade de refletir, estudar e perspetivar o que pode acontecer nas próximas décadas. Os médicos são, como sempre serão, uma peça-chave na melhoria da qualidade de vida das pessoas e do desenvolvimento da humanidade”, disse o ex-ministro da Saúde.

Para Jaime Branco, professor da Nova Medical School, “o evento vem demonstrar a necessidade de, a todo o momento, pensarmos que a sociedade está em mudança, a ciência evolui cada vez mais e cada vez mais rapidamente, as necessidades dos doentes também e a informação que os doentes têm é cada vez maior, e que isso tem que se refletir na forma como nós ensinamos os alunos de Medicina no dia a dia. Devemos sempre ter como ideia que há uma necessidade de mudar, não digo diariamente, mas com muita frequência, aquilo que é o ênfase que colocamos em várias matérias do ensino da Medicina aos futuros médicos. Isto está refletido nas competências, aptidões e nos conhecimentos; também na importância do ensino multidisciplinar, de que temos experiência com a introdução da Nutrição na Nova Medical School. No fundo, que instrumentos é que nós temos para modificar o ensino e para conseguir efetuar esta mudança, e os instrumentos que devemos utilizar.”

Hoje, Jaime Branco abordou a relação médico-doente. “Até hoje, evoluiu imenso. Mostrei aqui seis épocas distintas, que eu acho que foram as mais significativas desta evolução, desde o Egipto Antigo até aos nossos dias.” Essa relação, apesar de se ter alterado, não só com a prática médica e com os avanços da medicina, mas também com o contexto social, económico e político onde o médico e o doente estão inseridos, continua a ser fundamental, defendeu o médico. “Os avanços tecnológicos podem ser muito importantes, mas são importantes se servirem o doente, não é se servirem o médico.” Se forem interessantes e importantes para o doente, as máquinas “devem ser incorporadas”.

HN/RA

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